Luís Filipe Tavares apontado como o próximo embaixador de Cabo Verde em París
Política

Luís Filipe Tavares apontado como o próximo embaixador de Cabo Verde em París

Fontes bem posicionadas no sistema ventoinha, confidenciaram ao Santiago Magazine que o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional, Luís Filipe Tavares, é nome proposto por Ulisses Correia e Silva para embaixador de Cabo Verde em Paris, França. Se se confimar, Tavares irá substituir o diplomata Hércules Cruz, que está no cargo desde 2017.

Vice-presidente do MpD, Luís Filipe Tavares integrou o primeiro governo liderado por Ulisses Correia e Silva, saído das eleições legislativas de 2016.

Manteve-se no executivo até 13 de janeiro de 2021, quando pediu demissão, na sequência do escândalo relacionado com a nomeação do cidadão português, Cesar do Paço, como cônsul honorário de Cabo Verde no Estado de Flórida, EUA.

Com o governo no fim do mandato – as eleições seriam realizadas em abril, 3 meses depois - a polémica à volta da nomeação do empresário português, César do Paço, um financiador do partido liderado por André Ventura, da extrema direita portuguesa e contra os imigrantes, terá sido a gota de água que fez transbordar o copo.

Na primeira quinzena de abril, com Luís Filipe Tavares fora do governo, a segunda edição da Grande Reportagem da SIC, televisão portuguesa, sobre as ligações do empresário Cesar do Paço ao Chega, volta a colocar Cabo Verde, país por onde esse partido da extrema-direita portuguesa pretendia iniciar a sua internacionalização, no meio de um esquema de financiamentos ilícitos e corrupção. Desta feita, a estação de Carnaxide publicou documentos nos quais o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares, solicita à concessionária da Mercedes na Praia uma proposta de compra de uma viatura topo de gama e encaminha o email com o preço de mais de 5.400 contos ao conselheiro e presidente da Fundação de Cesar do Paço, José Lourenço, precisamente três dias depois de obter a autorização dos EUA para nomear Cesar de Paço cônsul de cabo verde na Florida.

No dia 28 de abril, 10 dias após as eleições legislativas, nas quais o MpD sairia vencedor, a Procuradoria Geral da República emite um comunicado onde dá conta da abertura de instrução criminal no alegado caso de benefício patrimonial, concretamente a alegada oferta de uma viatura Mercedes Benz, ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares, em troca da nomeação de Cesar de Paço no cargo de Cônsul Honorário de Cabo Verde na Flórida.

No referido comunicado a Procuradoria Geral da República (PGR), que se escuda na "vinculação aos princípios da transparência e da publicidade, visando assegurar a prestação de esclarecimento público e o dever de informação”, sugere que “em causa estão factos suscetíveis de integrarem a prática do crime de corrupção, previsto e punido pela legislação penal cabo-verdiana”.

Na ocasião, Rui Figueiredo Soares, que passou a ocupar a cadeira deixada vaga por Luís Filipe Tavares, afirmaria perante a comunicação social que o inquérito judicial sobre o caso que envolve o seu antecessor seria "uma oportunidade ímpar" para "apagar" um tema que, a seu ver, foi "muito utilizado" na campanha eleitoral.

"Não estamos ainda perante uma acusação, mas perante uma oportunidade ímpar de esclarecer a opinião pública, e de o próprio ex-ministro poder vir a público apagar aquilo que se utilizou muito durante as campanhas eleitorais", realçou então Rui Figueiredo Soares.

Enquanto se espera pelos resultados do inquérito da PGR, a crer nas nossas fontes, é proposto o nome de Luís Filipe Tavares para embaixador em Paris, indo engrossar o lote de embaixadores políticos, um assunto que tem gerado muita polémica no mundo diplomático cabo-verdiano, nos últimos 20 anos.

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