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Casa para Todos. Suspeição de corrupção, alegado desvio de 100 milhões de euros e construção de mansões
Política

Casa para Todos. Suspeição de corrupção, alegado desvio de 100 milhões de euros e construção de mansões

O parlamento dedicou parte da sessão desta sexta-feira à suspeição de corrupção de desvio de 100 milhões de euros do projecto “Casa Para Todos” e construção de três mansões sem que se avançasse com denúncias às instâncias judiciais.

A deputada Isa Costa, eleita pelo Movimento para Democracia (MpD), denunciou registo de suspeição de desvio de 100 milhões de euros praticado pelo Governo do PAICV aquando do projecto “Casa Para Todos”, e mais de 40 processos de indícios de corrupção da governação deste partido no Ministério Público.

Costa exortou mesmo o presidente do PAICV, Rui Semedo, a investigar no seio da força política que dirige a origem das três mansões e o paradeiro do remanescente do dinheiro, e denunciou a entrada de processo no Ministério Público relacionado com o Fundo do Ambiente, Fundo de Cultura, Anel Rodoviário do Fogo de entre outros, com dinheiro dos cabo-verdianos.

Rui Semedo, deputado e presidente do PAICV, ressalvou para a necessidade de os parlamentares agirem e serem consequentes, afirmando que “as pessoas têm de ser responsabilizadas”.

O líder do maior partido da oposição sublinhou que “se há um desvio de 100 milhões de euros têm que se apresentar prova” e exortou o próprio parlamento a assumir a responsabilidade de levar o processo à Procuradoria da República.

“O deputado não pode fazer uma denúncia tão grave e ficar assim em águas de bacalhau”, realçou Rui Semedo, para quem “ficou provado porquê que as pessoas consideram o parlamento o órgão mais corrupto”, afirmando que “os parlamentares estão a dizer que estão a fazer corrupção e não agem em consequências”.

“Se há processos de corrupção, estes devem ser entregues na Procuradoria da Justiça e nós nos submetemos à justiça para ser avaliados, para ser apurados à responsabilidade. Se há mansões, para serem denunciadas claramente, quem são os donos e colocar na justiça. O dono da mansão será julgado e condenado e o deputado deve disponibilizar-se para que a sua imunidade seja levantada”, clarificou Semedo.

A deputada Isa Costa manifestou-se disponível para levantar a sua imunidade parlamentar para ser ouvida pela Justiça e disse “esperar que este processo esteja já na PGR “para ser resolvido juntamente com os outros 40 processos de corrupção do mandato do PAICV que está na PGR”, ao mesmo tempo que disse esperar pelo esclarecimento do PAICV sobre o dono de três mansões.

Estas suspeições mereceram uma chamada de atenção do deputado nacional eleito nas listas da UCID António Monteiro, para quem tratando-se “de uma acusação grave, o parlamento deve, efectivamente agir junto das instâncias judiciais para a clarificação destas denúncias, para que a culpa não morra solteira”.

Já o presidente da Assembleia Nacional, Austelino Correia, disse que “o parlamento cabo-verdiano não é corrupto, nem mais nem menos” enquanto “o segundo órgão de soberania e a instituição central da democracia do sistema cabo-verdiano e órgão que aprecia o programa do Governo e aprova a Moção de Confiança… e que deste parlamento depende grande parte da vida dos cabo-verdianos”.

Instou aos deputados a proteger o parlamento cabo-verdiano e a mostrarem que exercem um poder que lhes é dado pelo “povo, em nome do povo e para o povo”, e apelou ao combate de forma tranquila e serena.

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