Trata-se de um composto, produzido através de vários alimentos perto do fim da data de validade. O produto deverá ser usado em centros de acolhimento dos sem-abrigo e distribuído a famílias de baixa renda. Nas escolas públicas, os pais disseram não.
O produto, denominado farinata, foi apresentado pelo Prefeito de São Paulo, João Doria. As suas versões em pó ou granulado deveriam começar a ser utilizadas como reforço da merenda nas escolas públicas, ainda este mês.
A notícia levou às ruas pais e encarregados de educação de crianças que frequentam o sistema público em São Paulo. “Ração não é alimento”, “Meu filho não é lixo” ou “Queremos merenda de verdade” foram algumas das mensagens transmitidas durante os protestos.
A pressão social e o facto de a Secretaria de Educação ter afirmado que não foi consultada sobre a matéria, fez Prefeitura recuar na decisão.
O uso nos centros de acolhimento não foi, no entanto, descartado e as recções continuam a chegar de várias instâncias.
O Conselho Regional de Nutrição considera que o recurso a este tipo produto, que já está a ser designado “ração humana”, fere o direito à alimentação adequada.
Outros críticos da ideia argumentam que a medida irá agravar as desigualdades sociais no país e denunciam um esquema que beneficia as empresas doadoras. É que além de eliminar as perdas, essas companhias beneficiarão de incentivos fiscais pela participação no programa.
A polémica já chegou ao Ministério Público brasileiro, que anunciou a abertura de um procedimento de acompanhamento para averiguar os efeitos do consumo do produto para saúde. Esta instância irá solicitar esclarecimentos para avaliar de forma científica, o valor nutricional da farinata.
João Doria já fez saber que a prefeitura de São Paulo está pronta para fornecer as informações solicitadas.
O Prefeito defende que o composto pode ajudar a combater a carência alimentar, que afecta mais de 1,5 milhões de pessoas no estado de São Paulo.
Esta polémica medida já desencadeou uma petição online “Eu sou contra a ração humana de João Doria”, que já conta com mais de cinco mil assinaturas.
Os comentários publicados são da inteira responsabilidade do utilizador que os escreve. Para garantir um espaço saudável e transparente, é necessário estar identificado.
O Santiago Magazine é de todos, mas cada um deve assumir a responsabilidade pelo que partilha. Dê a sua opinião, mas dê também a cara.
Inicie sessão ou registe-se para comentar.
Comentários