As autoridades dos EUA deportaram nos últimos dias uma mãe cubana de uma menina de 1 ano, separando-as indefinidamente, e três crianças de 2, 4 e 7 anos, cidadãs americanas com as suas mães hondurenhas, revelaram hoje os advogados.
Os três casos levantam questões sobre quem está a ser deportado e porquê, e surgem num momento em que se trava uma batalha nos tribunais federais sobre as medidas contra a imigração da administração do Presidente Donald Trump.
Os advogados descreveram como as mulheres foram detidas em controlos de rotina nos escritórios da polícia de imigração (mais conhecida na sua sigla inglesa, ICE) e adiantaram que estas praticamente não tiveram oportunidade de falar com representantes legais ou familiares, sendo deportadas em três dias ou menos.
A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla inglesa), o Projeto Nacional de Imigração e vários outros grupos disseram, em comunicado, que a forma como o ICE deportou crianças, que são cidadãs americanas, e as suas mães é um “abuso de poder chocante, embora cada vez mais comum”.
Gracie Willis, do Projeto Nacional de Imigração, disse que as mães, no mínimo, não tiveram uma oportunidade justa de decidir se queriam que as crianças ficassem nos Estados Unidos.
A criança de 4 anos - que sofre de uma forma rara de cancro - e a de 7 anos foram deportadas para as Honduras um dia depois de serem presas com a mãe, disse Willis.
No caso envolvendo a menina de 2 anos, um juiz federal da Louisiana levantou questões sobre a deportação da criança, e considerou que o governo não provou que o fez de forma correta.
Os advogados do pai da menina insistiram que ele queria ficar com a criança nos EUA, enquanto o ICE alegou que a mãe queria que a menina fosse deportada com ela para Honduras, alegações que não foram totalmente examinadas pelo respetivo juiz.
Num despacho de sexta-feira, o juiz do caso marcou uma audiência para 16 de maio. Esta audiência tem “como objetivo dissipar a forte suspeita de que o governo acabou de deportar uma cidadã americana sem nenhum processo significativo”, escreveu.
A mãe de origem hondurenha, que está grávida, foi detida na terça-feira por causa de uma ordem de deportação pendente, juntamente com a menina de 2 anos e a sua irmã de 11 anos, nascida nas Honduras, durante uma consulta num escritório do ICE em Nova Orleães, disseram os advogados. A família morava em Baton Rouge.
O juiz contactou os advogados do governo na sexta-feira para falar com a mulher, mas recebeu uma ligação de volta menos de uma hora depois, dando conta de que era impossível conversar com ela porque “tinha acabado de ser libertada nas Honduras”.
Enquanto isso, na Flórida, uma mulher nascida em Cuba, casada com um cidadão norte-americano e mãe de uma menina de 1 ano de idade, também ela cidadã, foi detida numa entrevista agendada para um escritório do ICE.
Heidy Sánchez foi detida sem qualquer comunicação e levada de avião para Cuba dois dias depois, quando ainda estava a amamentar a filha, que sofre de convulsões, disse sua advogada, Claudia Cañizares.
Comentários