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Vamos instituir uma Reitoria de proximidade, dinâmica e inovadora
Entrevista

Vamos instituir uma Reitoria de proximidade, dinâmica e inovadora

Palavras de Odair Varela, candidato ao cargo de Reitor da Universidade de Cabo Verde, Licenciado e Mestrado nas áreas das Relações Internacionais & Ciência Política e Sociologia, pela Universidade de Coimbra, pós-doutorado em Ciência Política na Université du Quebec à Montreal (Canadá). Confira neste exclusivo ao Santiago Magazine 

"Num contexto de emergência mundial sanitária e de reconfiguração da agenda global de desenvolvimento e progresso, a Universidade deve mostrar a sua relevância. Sendo a maior universidade e uma das mais importantes do país, com reconhecimento internacional, particularmente no mundo de língua portuguesa, temos muito orgulho em fazer parte desta casa e participamos nesta jornada de discussão e diálogo justamente para contribuir para o reforço desse orgulho e sentimento de pertença de todos. Para isso, esta candidatura pretende inspirar os mais jovens a seguir a carreira académica e de investigação em Cabo Verde, combatendo a fuga de cérebros, mediante a aposta na dignificação dessa carreira com medidas estruturantes de que falaremos mais a frente."

Santiago Magazine - Quais são as suas motivações em concorrer para o cargo de Reitor da Universidade de Cabo Verde?

Odair Varela - A decisão de me apresentar como candidato ao cargo de Reitor da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) foi muito ponderada e tem por motivação principal a possibilidade de potenciar e colocar ao serviço da universidade a experiência e o conhecimento acumulados ao longo de largos anos na investigação e na docência, tanto no país como no estrangeiro, com vista a transformar a Uni-CV numa instituição cada vez mais relevante para o desenvolvimento de Cabo Verde, com reconhecimento nacional, regional e internacional.

Num contexto em que o mundo sofre as agruras da pandemia da covid 19 e enfrenta problemas globais que desafiam a capacidade de resposta dos países e da comunidade internacional, aumentam os desafios para as instituições de ensino superior, mormente as públicas, e a Uni-CV não foge à regra, tal como as suas congéneres africanas, americanas ou mesmo europeias, porquanto precisa de, em simultâneo, garantir a sua sobrevivência, dar um salto qualitativo nos seus pilares tradicionais (ensino, investigação e extensão) e incorporar novos pilares, próprios do nosso tempo (como, por exemplo, os processos de integração regional e internacional, da transformação digital e do desenvolvimento sustentável), no sentido de continuar a ser a principal referência nacional no que concerne à formação de quadros qualificados para o desenvolvimento do país, à produção de conhecimentos e a sua transferência para a sociedade.

Outra das principais motivações da candidatura prende-se com o objetivo da reconquista da confiança interna da academia. Considero que temos de nos reconstruir internamente, sarar as feridas abertas, as grandes fraturas originadas principalmente das últimas eleições e do último mandato, e a comunidade académica pode contar de que serei um Reitor de confiança, porque pretendo garantir, por exemplo, que no futuro nenhum membro da academia sofra retaliações por não tomar parte na campanha eleitoral a favor de uma determinada candidatura.

Num contexto de emergência mundial sanitária e de reconfiguração da agenda global de desenvolvimento e progresso, a Universidade deve mostrar a sua relevância. Sendo a maior universidade e uma das mais importantes do país, com reconhecimento internacional, particularmente no mundo de língua portuguesa, temos muito orgulho em fazer parte desta casa e participamos nesta jornada de discussão e diálogo justamente para contribuir para o reforço desse orgulho e sentimento de pertença de todos. Para isso, esta candidatura pretende inspirar os mais jovens a seguir a carreira académica e de investigação em Cabo Verde, combatendo a fuga de cérebros, mediante a aposta na dignificação dessa carreira com medidas estruturantes de que falaremos mais a frente.

É com base nestas e noutras motivações que temos estado, nos últimos meses, a auscultar os/as estudantes, docentes e técnicos/as administrativos/as da academia Uni-CV, bem como diversos segmentos da sociedade cabo-verdiana e parceiros internacionais sobre a visão, relevância, potencialidades e desafios da Uni-CV. Tendo também por alicerce essa escuta atenta e cuidada é que apresentamos à comunidade académica um programa robusto e ambicioso para fazer face aos referidos desafios.

O que leva o professor a acreditar que pode ser Reitor da Universidade de Cabo Verde?

"Para além de reunir esses requisitos, consideramos ainda que poderemos, num espírito de missão e de dever para com o nosso país, colocar a nossa experiência enquanto ativista académico e no domínio da diplomacia científica ao serviço da universidade e do país."

A eleição para o cargo de Reitor é uma eleição individual que tem por base o percurso intelectual e académico do candidato. Portanto, a comunidade irá avaliar o perfil do postulante em termos de produção científica (livros e artigos publicados em revistas nacionais e internacionais de reconhecida qualidade com revisão por pares nas principais línguas internacionais nas suas áreas de investigação); de participação e organização de conferências e encontros científicos nacionais e estrangeiros; de pertença a redes e centros de investigação nacionais e internacionais; de bolsas de investigação e prémios científicos recebidos; de experiência de lecionação e investigação na Uni-CV e em universidades internacionais de relevo; de experiência de gestão académica mediante a direção de cursos, unidades orgânicas e participação em órgãos colegiais universitários. Para além de reunir esses requisitos, consideramos ainda que poderemos, num espírito de missão e de dever para com o nosso país, colocar a nossa experiência enquanto ativista académico e no domínio da diplomacia científica ao serviço da universidade e do país. É evidente que o Reitor não irá governar sozinho a Universidade e precisará de uma equipa forte e competente para enfrentar os desafios que se avizinham. Contudo, é fundamental que o perfil e a experiência científica do responsável máximo da Uni-CV transmitam confiança não só aos membros da academia, mas também aos parceiros nacionais e internacionais da universidade.

Se for eleito Reitor o que é que vai mudar na universidade pública?

"Para haver uma mudança profunda na governação e na orgânica da Uni-CV é necessário, antes de mais, instituir um Reitoria de proximidade, dinâmica e inovadora. Uma governação de proximidade constitui uma rotura na forma de agir, mas não implica grandes recursos. A nossa candidatura propugna uma equipa reitoral próxima da academia, de modo a auscultar e discutir, diretamente, com os três corpos, as questões essenciais da vida e da governação universitárias. O Reitor não é um “ser iluminado”, não é um “faz tudo”, e é na interação com os seus pares que as melhores ideias e soluções vão surgindo. Para uma governação descentralizada e desconcentrada é preciso: ter encontros regulares e construtivos com os representantes dos corpos da Uni-CV; uma Reitoria aberta; ter reuniões desconcentradas dos principais órgãos: Conselho da Universidade (CONSU), Conselho Científico, Conselho Pedagógico, Conselho para a Qualidade, etc. Isso visa pôr cobro ao carácter auto-centrado da Reitoria vigente atualmente."

Esta candidatura não visa fazer tábua rasa do que se tem feito na Universidade, tanto mais que está vinculada ao quadro legal por que se rege a instituição, mas sim aproveitar toda a experiência acumulada até então e, por isso, é de saudar com vigor o esforço de todos os professores, técnicos e estudantes em prol da Universidade. É de se recordar, por exemplo, que, no antigo Instituto Superior de Educação (ISE), havia funcionários que recebiam cerca de 5 mil escudos de salário mensal e professores doutorados que recebiam cerca de 70 mil escudos. Com a instalação da Universidade há 15 anos, a situação mudou radicalmente e implementou-se um projeto que deve ser valorizado. Mas neste momento é preciso assumir sem titubeio que, na prática, o modelo de gestão da Universidade está esgotado. É necessária uma rotura com o atual modelo de gestão, nos pilares clássicos da Universidade, a que se pode incluir o pilar da Internacionalização! Não se pode enfrentar os novos desafios da Universidade nos diversos polos com base no “velho” projeto, que se baseou essencialmente na instalação das áreas científicas e disciplinares e das unidades orgânicas e na reciclagem dos escassos recursos existentes, provenientes, essencialmente, do orçamento do Estado e das propinas. A Universidade precisa efetivamente de se assumir de forma descomplexada como um instrumento relevante para o desenvolvimento económico e social de Cabo Verde. Só assim a própria entidade instituidora (o Estado) irá também assumir esta instituição como sendo relevante!

Para haver uma mudança profunda na governação e na orgânica da Uni-CV é necessário, antes de mais, instituir um Reitoria de proximidade, dinâmica e inovadora. Uma governação de proximidade constitui uma rotura na forma de agir, mas não implica grandes recursos. A nossa candidatura propugna uma equipa reitoral próxima da academia, de modo a auscultar e discutir, diretamente, com os três corpos, as questões essenciais da vida e da governação universitárias. O Reitor não é um “ser iluminado”, não é um “faz tudo”, e é na interação com os seus pares que as melhores ideias e soluções vão surgindo. Para uma governação descentralizada e desconcentrada é preciso: ter encontros regulares e construtivos com os representantes dos corpos da Uni-CV; uma Reitoria aberta; ter reuniões desconcentradas dos principais órgãos: Conselho da Universidade (CONSU), Conselho Científico, Conselho Pedagógico, Conselho para a Qualidade, etc. Isso visa pôr cobro ao carácter auto-centrado da Reitoria vigente atualmente.

Sem prejuízo do trabalho em equipa, os vice-reitores, pró-reitores e Administrador-Geral terão, através da delegação de competências e ou da adequação dos normativos, os poderes necessários de intervenção nas respetivas áreas de atuação. Deverão: Planear (planos de atividades das suas áreas que deverão ser integradas no plano geral); Organizar; Implementar; Acompanhar; E Avaliar/controlar.

Esta atuação deverá ser dinâmica, inovadora, dialogante e assertiva, sem prejuízo, sempre, da iniciativa e das atribuições próprias das unidades orgânicas e dos serviços.

Depois da reconquista da confiança interna do unicvianos e da instituição de uma reitoria de proximidade, é preciso assumir um conjunto de linhas de força de enformam a nossa visão de uma universidade relevante a nível nacional e internacional, sustentável, digital e inclusiva.

Podia nos indicar as linhas mestras da sua administração caso venha a ser eleito?

No dia 30 de setembro último partilhamos com a comunidade académica um conjunto de linhas de força para a nossa governação:  

1. O reforço da governação e gestão democrática da universidade, particularmente mediante o reforço da autonomia e responsabilização das unidades orgânicas e dos polos de Assomada e de Mindelo. Com uma equipa reitoral competente e que represente a diversidade científica e institucional da Uni-CV, os primeiros passos simbólicos para esse reforço passam pela criação de condições para realização de eleições dos conselhos diretivos das referidas unidades o mais breve possível e a atribuição da identidade física das unidades orgânicas no novo campus da cidade da Praia de modo a que haja uma interação mais eficaz e eficiente entre os dirigentes, coordenadores e alunos de cada unidade.

2. O estabelecimento de um roteiro para o normal desenvolvimento profissional na carreira docente e técnica visando a contínua dignificação e formação do pessoal docente e pessoal técnico da Uni-CV e a retenção de quadros nacionais e internacionais altamente qualificados. Em simultâneo, assumir a centralidade dos/as estudantes nas políticas académicas e na governação universitária, promovendo, em especial, elevados padrões de qualidade da formação, uma gestão de proximidade e medidas assertivas de ação social.

3. A colocação da produção de conhecimento (investigação) no vértice das atividades da Uni-CV mediante a efetiva implementação e funcionamento dos grupos de pesquisa e dos centros de investigação que envolvam docentes e estudantes da graduação (iniciação científica) e da pós-graduação, a mobilidade académica e a divulgação dos resultados dos projetos de investigação em encontros científicos nacionais, regionais e internacionais, e por via da publicação dos resultados nas publicações internas e externas.

4. A assunção da Diplomacia do Conhecimento. Os dois pontos anteriores estão profundamente interconectados com uma forte aposta na Internacionalização, Integração Regional e nas relações com a Diáspora cabo-verdiana, como forma de reforçar e engendrar parcerias estratégicas com vista a garantir a sustentabilidade enquanto instituição científica que fornece educação tanto a cidadãos nacionais como internacionais, mas também a sustentabilidade financeira num contexto de asfixia orçamental da Uni-CV. Uma das ferramentas fundamentais desta diplomacia constitui a capacitação linguística nas línguas regionais e internacionais através dos institutos e cursos de línguas (cabo-verdiano, português, inglês, francês, mandarim e espanhol) nos cursos de graduação e pós-graduação, e para o pessoal docente e pessoal técnico-administrativo (uma diplomacia linguístico-cultural).

5. A renovação e qualificação das ofertas formativas visando dar resposta à transformação acelerada das atividades profissionais no contexto da presente revolução dos meios tecnológicos e industriais e com o fito de incorporar as principais temáticas das sociedades nacionais contemporâneas: igualdade e equidade de género, combate à discriminação com base na religião e origem étnica; as pandemias e a saúde global; alterações climáticas; migrações internacionais; integração regional, etc. Por outras palavras, almeja-se uma universidade inclusiva em termos de ofertas educacionais!

6. A incorporação das mudanças profundas que a transformação digital irá implicar aos níveis laboral e cultural no sentido de se implementar novos modelos educacionais que trarão ganhos extraordinários em matéria de produtividade e de acesso ao ensino. Para tal será necessária a criação de uma agenda de promoção da transformação digital de Cabo Verde alinhada com a Estratégia Digital de Cabo Verde cimentado numa forte parceria com o Governo, o Parque tecnológico de Cabo Verde, o NOSI, as empresas de base tecnológicas, as agências nacionais e internacionais de promoção da inovação e as instituições não governamentais.

7. O reforço ao desenvolvimento da extensão universitária, no sentido de as atividades de extensão cumprirem na Uni-CV funções fundamentais relacionadas à interação da instituição com a realidade social local, à transferência dos saberes produzidos para as populações e à integração da universidade nos processos de enfrentamento e de busca de soluções para os grandes problemas sociais nacionais e internacionais.

8. O aprofundamento do diálogo com o Estado, enquanto entidade instituidora, com vista à definição e ao estabelecimento de um vasto leque de programas, projetos e atividades que, traduzindo as necessidades estratégicas e prioritárias do país, contribuam para o reforço da relevância institucional da Universidade e para a sua sustentabilidade financeira. Na mesma senda, instituir a interlocução e cooperação com as instituições de ensino superior privadas, principalmente com aquelas que têm objectivos cooperativos ou solidários e que são ou almejam ser instituições de excelência em determinadas áreas de investigação e de pós-graduação. Este diálogo democrático, que deve ocorrer num fórum apropriado, é suscetível de gerar sinergias, promover comunidades epistémicas robustas no seu seio e ao seu redor e, destarte, contribuir para o desenvolvimento qualitativo do sistema do ensino superior.

9. Pôr cobro às possíveis tentativas de partidarização e instrumentalização partidária da Uni-CV tendo em atenção que esta não constitui um espaço de combates e debates partidários, mas sim um espaço de debate académico, sem prejuízo do livre debate político e filosófico, visando a procura dos melhores caminhos e meios (política de modelos de gestão ou administração que tenham por base valores e culturas diversas) para a instituição. Neste âmbito, é mister promover a boa governança e a transparência institucional sustentada pelo mérito académico, científico e profissional dos membros, suportada por uma gestão humanizada em todas as estruturas da Uni-CV, visando garantir a sustentabilidade financeira e a retenção de quadros altamente qualificados.

10. Prestar contas à sociedade cabo-verdiana no seu todo no sentido de ganhar o seu respeito e apoio para enfrentar os desafios e atingir os objectivos estratégicos da Uni-CV e, por conseguinte, de Cabo Verde.

Tem-se verificado uma alta taxa de abandono dos estudantes na universidade. O que pensa fazer para manter os estudantes na escola?

Antes demais, é preciso assumir, de facto, a centralidade dos/as estudantes nas políticas científicas e académicas e na governação universitária, promovendo, em especial, elevados padrões de qualidade da formação, uma gestão de proximidade e medidas assertivas de gestão dos assuntos estudantis e da ação social, tais como: -  Revisitar os normativos sobre as condições de frequência e avaliação dos estudantes com atrasos no pagamento das propinas, conciliando o rigor no cumprimento deste dever com a necessidade de valorização do percurso escolar do estudante; - Melhorar o atendimento dos estudantes junto dos Serviços da Uni-CV; - Dinamizar a Iniciação científica, em parceria com outras universidades; - Promover a mobilidade nacional e internacional dos estudantes; - Dispensar maior atenção à residência e à alimentação; - Criar urgentemente um mecanismo de financiamento dos estudantes (Um fundo nacional seria o ideal mas isso depende da entidade instituidora, ou seja, do Estado. Caso isso não avance a Uni-CV deverá possuir um fundo próprio de apoio aos estudantes, encetando parcerias para o seu financiamento); - Implementar um sistema de bolsas reembolsáveis depois de se entrar no mercado de trabalho. É possível, de forma imediata, instituir parceiras com instituições financeiras, linhas de crédito para estas bolsas reembolsáveis, com o aval do Estado; o princípio constitui a comparticipação da sociedade; estruturar um sistema de padrinhos e madrinhas, o Mecenato, etc. existe uma diversidade de formas de apoiar os estudantes que não estão sendo postos em prática; - Atribuição de Bolsas de mérito; - Retenção dos melhores estudantes de graduação e pós-graduação.

Finalmente, quem é o professor Odair Barros Varela?

"Para além da Uni-CV o Professor Odair é professor convidado e investigador associado em algumas Universidades e Centros de Pesquisa nacionais e internacionais e é Presidente do Centro de Produção e Promoção de Conhecimentos (CeProK), com sede em Cabo Verde. É vencedor do Prémio Fernão Mendes Pinto (edição 2013) atribuído pela Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), em parceria com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), pela Tese de Doutoramento defendida na Universidade de Coimbra em 2012, trabalho que também recebeu, em 2013, uma Menção Honrosa no Prémio CES para Jovens Cientistas Sociais de Língua Portuguesa."

Nasci na cidade da Praia a 08 de abril de 1979, mas passei uma parte da minha infância no Concelho de São Domingos onde realizei os Estudos Primários e a outra parte, até a idade adulta, na cidade da Praia onde fiz o Ciclo Preparatório na Escola do Lavadouro, os Estudos Secundários no Liceu Domingos Ramos e no Liceu Pedro Gomes na Achada Santo António onde estudei o Ano Zero, antes de partir para Portugal para frequentar o Ensino Universitário. Comecei a lecionar no ensino superior em 2005 aos 25 anos, depois de terminar a Licenciatura e Mestrado nas áreas das Relações Internacionais & Ciência Política e Sociologia, em 2003 e 2005 respetivamente, na Universidade de Coimbra. Decidi escolher essa carreira em definitivo ao concluir um doutoramento nessas mesmas áreas e na mesma Universidade, em 2012. A minha ligação profissional com a Uni-CV remonta ao ano de 2005 quando fui convidado pela então Comissão Nacional de Instalação da Universidade Pública de Cabo Verde para integrar o Grupo de Trabalho Nacional com vista a elaborar o Projeto de criação da futura Escola de Negócios e Governação (ENG) da Uni-CV, entretanto criada em 2006. Desde então a minha ligação com esta universidade tem sido permanente ao nível da docência tanto na graduação como na pós-graduação, principalmente após o término do pós-doutoramento em Ciência Política na Université du Quebec à Montreal (Canadá) em 2015/2016. Para além das atribuições regulares, tenho tido uma participação ativa na vida administrativa, académica e política da instituição em diferentes ambientes (Comissões Científicas Especializadas; Presidência do Conselho Diretivo da ENG; Direção Académica de Mestrados: “Integração Regional Africana” e “Relações Internacionais & Diplomacia Económica”; e Conselho da Universidade). Por conseguinte, em consonância com minha vocação para a carreira académica e meu interesse em contribuir para a transformação da sociedade cabo-verdiana por meio da educação, a minha dedicação tem sido exclusiva traduzindo-se, por exemplo, na organização e co-organização de diversas conferências científicas nacionais e internacionais, projetos de investigação e publicações nas áreas científicas onde tenho atuado em parceria com instituições e universidades nacionais e estrangeiras, procurando contribuir para uma maior visibilidade nacional e internacional da pesquisa científica realizada em Cabo Verde, particularmente na Uni-CV, e para a assunção de uma agenda endógena de produção de conhecimentos.

Para além da Uni-CV o Professor Odair é professor convidado e investigador associado em algumas Universidades e Centros de Pesquisa nacionais e internacionais e é Presidente do Centro de Produção e Promoção de Conhecimentos (CeProK), com sede em Cabo Verde. É vencedor do Prémio Fernão Mendes Pinto (edição 2013) atribuído pela Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), em parceria com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), pela Tese de Doutoramento defendida na Universidade de Coimbra em 2012, trabalho que também recebeu, em 2013, uma Menção Honrosa no Prémio CES para Jovens Cientistas Sociais de Língua Portuguesa. De entre as diversas publicações nacionais e internacionais destacam-se os seguintes livros:

- Olhares cruzados: Leituras comparativas da integração regional em África e na América Latina. Florianópolis: Editora Insular. (2021, coorganização e coautoria);

- Crítica da Razão Estatal. O Estado Moderno em África nas Relações Internacionais e Ciência Política. O caso de Cabo Verde. Praia: Pedro Cardoso (2018);

- Mestiçagem Jurídica? O Estado e a Participação Local na Justiça em Cabo Verde. Uma Análise Pós-Colonial. Lisboa: Camões Instituto (2017);

- Dinâmicas Sociológicas, Estado e Direito. Estudos em Comemoração do X Aniversário do ISCJS. Praia: Edições ISCJS (2017, coorganização e coautoria); 

- As Relações Externas de Cabo Verde. (Re)leituras Contemporâneas. Praia: Edições ISCJS (2014, coorganização e coautoria). 

Links académicos:

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9738-5626

Academia: https://unicv.academia.edu/OdairBarrosVarela

CeSA: https://cesa.rc.iseg.ulisboa.pt/investigacao/investigadores/obvarela

UQAM: http://www.ieim.uqam.ca/spip.php?page=auteur-cirdis&id_auteur=1213&lang=fr

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