O presidente da Associação dos Autarcas do PAICV considerou hoje que um município com orçamento de 60 mil contos anuais não consegue, nem em 100 anos, promover ou criar cidades saudáveis.
Esta afirmação foi feita à imprensa no âmbito da "Conferência sobre Transição Urbana e Desenvolvimento Local para a Promoção de Cidades Justas em Cabo Verde" realizada pela Associação dos Autarcas do PAICV hoje na Cidade da Praia.
O evento visa, segundo este partido, fazer uma reflexão profunda da problemática do desenvolvimento de cidades justas no contexto de Cabo Verde para no final obterem subsídios importantes para a consolidação da orientação política geral do PAICV para as próximas plataformas autárquicas.
“Pretendemos criar um espaço de reflexão, sobretudo, sobre os novos desafios que a transição urbana está a trazer para as cidades. Porque nós temos de pensar no desenvolvimento, mas também criar oportunidades em termos de acesso às infra-estruturas, em termos de acesso a serviços, e a qualidade de vida que a cidade terá de proporcionar aos seus munícipes”, afirmou.
Para Isaías Varela, cidades justas terão de proporcionar igualdades de oportunidades em termos de acessibilidade, em termos de transporte, em termos de infra-estruturas, tanto de saúde, de educação e outros serviços.
Mas, lamentou que infelizmente os sucessivos autarcas não deram continuidade nessa visão de trabalhar cidades com qualidades, citando como um exemplo de cidade justa, pensada há muitos anos, o Bairro Craveiro Lopes, na Cidade da Praia.
“A base fundamental é planificar as cidades. Não trabalhar numa perspectiva de correcção, mas de prevenção, criar maior qualidade às nossas cidades”, frisou, considerando, entretanto, que um município com um orçamento de 60 mil contos anuais não consegue, nem em 100 anos, promover ou criar cidades saudáveis.
Segundo o presidente da Associação dos Autarcas do PAICV, há que ter ambição, tanto a nível local e a nível central, para criar os municípios, de modo que a médio e longo prazo os próprios municípios consigam produzir as próprias receitas.
Para isso, reconheceu que os poderes central e local devem trabalhar em alinhamento e, sobretudo, trazer os particulares e os privados para essa questão.
“Temos de investir agora com investimentos estruturantes para podermos ter cidades saudáveis, organizáveis e cidades atractivas, que atraiam também mais turistas. Então aqui é congregar todas as vantagens, todas as empresas, o poder central, o poder local, mas também os organismos internacionais”, sugeriu.
A conferência é destinada aos autarcas do PAICV, no quadro de uma cada vez mais capacitação para a boa governação municipal e promoção da economia local em Cabo Verde, além de ser também aberta à sociedade, e conta com participação e reflexões temáticas com especialistas nacionais e internacionais na referida matéria.
Em termos específicos espera-se, segundo o presidente da Associação dos Autarcas do PAICV, recolher subsídios enformadores do planeamento urbano e suas implicações para o movimento de reforma urbana que defende o desenvolvimento de cidades justas à luz dos Objectivos de Desenvolvimentos Sustentáveis (ODS) 11 e 13.
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