Joseph E. Stiglitz, o norte-americano Prémio Nobel em 2001, afirmou este domingo que as políticas fiscais e comerciais de Donald Trump provocam o caos económico e fragilizam o Estado de Direito. Oriundo de uma família judia, Stiglitz considerou, ainda, a situação em Gaza como "um genocídio, tanto a nível humano como académico".
Prémio Nobel da Economia em 2001 e ex-chefe do Banco Mundial, Joseph E. Stiglitz, afirmou no último domingo, 28, que "as taxas aduaneiras de Trump são um desastre" e lamentou que a "Europa tenha desistido" de negociar com o Presidente dos EUA.
Segundo Stiglitz, "é realmente importante que a Europa não ceda". O economista falava à imprensa antes de receber o título de doutor “honoris causa” da Universidade Internacional Menéndez Pelayo (UIMP), numa cerimónia realizada no Palácio Magdalena, em Santander, Espanha. "Ceder significa abandonar a soberania da Europa", considerou o Nobel da Economia.
Políticas de Trump enfraquecem o Estado de Direito
Joseph E. Stiglitz avisou que as políticas comerciais e fiscais promovidas pelo presidente Trump, geram o caos económico, enfraquecem o Estado de direito e minam os direitos de propriedade intelectual.
Para o economista, as decisões da administração Trump, desde a tomada de posse, significam uma "reviravolta de 180 graus" na história económica dos EUA, com políticas antiglobalização, cortes de impostos para os ricos e a redução da supervisão institucional, causando instabilidade tanto interna como externamente. "A propriedade intelectual, essencial para o equilíbrio dos mercados, foi controlada e levou a uma espécie de bazar onde tudo vale", salientou.
Trumpismo contra a ciência
Stiglitz alertou, ainda, para as consequências dos ataques do trumpismo à ciência, manifestos no cerco às universidades, o que irá “prejudicar o progresso e os indivíduos", instalando um sentimento de medo entre os cidadãos estrangeiros que estudam nos EUA, com muitos deles temendo a deportação por expressarem opiniões críticas.
"Quem viveu o autoritarismo, como Espanha, sabe o que isso significa. Os Estados Unidos nunca viveram uma ditadura, e agora estamos a ver o que acontece se o sistema falhar", sublinhou o economista, defendendo que as universidades devem continuar a defender os valores democráticos e a resistir.
Genocídio humano e académico
Oriundo de uma família judia, Stiglitz considerou, ainda, a situação em Gaza como "um genocídio, tanto a nível humano como académico". E criticou todas as tentativas em curso para silenciar o debate nas universidades e no espaço público, relembrando as palavras do presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, que, falando na Universidade de Columbia (EUA), disse que criticar Israel não é antissemitismo.
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