Investigador destaca “papel crucial” da obra “A Imprensa Cabo-verdiana - 1820-1975” na compreensão da história de Cabo Verde
Em Foco

Investigador destaca “papel crucial” da obra “A Imprensa Cabo-verdiana - 1820-1975” na compreensão da história de Cabo Verde

O investigador Augusto Nascimento destacou, em Lisboa, o “papel crucial” da obra “A Imprensa Cabo-verdiana - 1820-1975” no entendimento da história de Cabo Verde, por analisar minuciosamente o papel da imprensa na formação da identidade nacional.

A afirmação foi feita à Inforpress no final da apresentação do livro “A Imprensa Cabo-verdiana - 1820-1975”, de João Nobre de Oliveira, a título póstumo, em que Augusto Nascimento e o escritor cabo-verdiano Germano Almeida foram os apresentadores no evento que aconteceu no Centro Cultural Cabo Verde (CCCV), na noite desta terça-feira, 07.

Conforme ele, a obra é um levantamento “exaustivo” da imprensa cabo-verdiana, sem esquecer a importância que a imprensa teve no “despertar das consciências”, já que a leitura e a escrita foram “a forja dos líderes independentistas”.

“A consciencialização política, a consciência do eu, passa em muitos casos pelo ato da leitura. E desse ponto de vista, a imprensa era absolutamente crucial, até porque em torno dos jornais se delineavam as perspectivas políticas em relação à Cabo Verde, como sucede em muitas outras partes do mundo”, considerou.

No entender de Augusto Nascimento, a obra oferece uma visão panorâmica da história da imprensa cabo-verdiana, desde o século XIX até o terceiro quartel do século XX, sendo que um dos aspectos mais destacados são os inventários dos jornais, resumos, enquadramentos explicativos e biografias, fornecendo um “rico material para quem deseja estudar e aprofundar seu conhecimento sobre a história do país”.

“Não há hipótese nenhuma de passar ao lado da história contemporânea de Cabo Verde se não se consultar esta obra”, afirmou o apresentador, ressaltando que, embora focada na imprensa, o livro abrange toda a vivência em Cabo Verde durante o período mencionado, fornecendo uma compreensão abrangente e detalhada da história do arquipélago.

Por sua vez, a representante e sócia da Ilhéu Editora, Mindelo, que tem a chancela da obra, Ana Cordeiro, partilhou os desafios enfrentados ao longo dos anos para concluir este projecto que teve início nos anos de 1990 e culminou com o lançamento da segunda edição.

A mesma fonte revelou uma série de percalços que marcaram o percurso da obra, desde uma inundação que danificou os materiais de pesquisa, até contratempos tecnológicos que resultaram na perda de “dados importantes”.

Além disso, ressaltou a importância do apoio financeiro para viabilizar a publicação, agradecendo especialmente à Presidência da República de Cabo Verde por tornar possível a edição do livro, frisando que embora o autor não esteja vivo para testemunhar, seu “legado meticuloso e cuidadoso permanece vivo em cada página”.

Ana Cordeiro, sustentou que a obra vai além da análise jornalística e política, porque abrange também a “rica tradição literária”, em que o autor meticulosamente inventariou os escritores cabo-verdianos mais importantes, fornecendo uma biografia e bibliografia completas que são essenciais para compreender tanto a história literária quanto política do país.

“A Imprensa Cabo-verdiana - 1820-1975” é a 2ª edição revista e ampliada pelo autor, João Manuel Nobre de Oliveira, que nasceu em 1955, no Paul, Santo Antão, e faleceu em Macau, em 2018.

O autor fez os estudos primários na vila da Assomada, ilha de Santiago, depois frequentou o Liceu Camões de Lisboa e regressou a Mindelo onde concluiu, no Liceu Gil Eanes, o ensino secundário e licenciou-se em História pela Universidade Clássica de Lisboa, tendo sido professor do ensino secundário em Portugal e, em 1995, foi para Macau como técnico superior dos Serviços de Educação.

Com colaboração dispersa por vários periódicos de Cabo Verde e Macau, em 1998, publicou “A Imprensa Cabo-Verdiana (1820-1975)”, edição conjunta da Fundação Macau e da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude.

Partilhe esta notícia

Comentários

  • Este artigo ainda não tem comentário. Seja o primeiro a comentar!

Comentar

Caracteres restantes: 500

O privilégio de realizar comentários neste espaço está limitado a leitores registados e a assinantes do Santiago Magazine.
Santiago Magazine reserva-se ao direito de apagar os comentários que não cumpram as regras de moderação.