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Um golpe institucional em marcha
Editorial

Um golpe institucional em marcha

A Ulisses e à direção do MPD interessava que, em 2026, o presidente fosse José Maria Neves, criando-se, entretanto, um plano para torpedear o seu percurso e afastá-lo da presidência. Nesse sentido, as irregularidades verificadas em alguns pagamentos da presidência, pese embora terem sido avalizadas pelo Tesouro (sob a responsabilidade do ministro das Finanças), vieram mesmo a calhar. Resta saber qual o papel da dupla Ulisses/Olavo numa eventual urdidura… certamente, uma dúvida que poderá ser esclarecida nos próximos dias.

Há momentos, ao longo da História, em que a realidade ultrapassa a ficção. Com toda a propriedade, podemos afirmar que a situação política cabo-verdiana vive um desses momentos, caracterizado por uma leva antidemocrática manifesta em um golpe institucional que está em marcha, visando subverter a vontade popular. Porque é, efetivamente, disso que se trata!

Efetuado por fases, o golpe tem como objetivo principal afastar o atual presidente da República, a pretexto de um relatório da Inspeção Geral das Finanças (IGF), no desfecho de uma inspeção, aliás, solicitada pelo próprio chefe de Estado.

Plano há muito desenhado

Recuemos no tempo. Certamente se recordam da nomeação de Olavo Correia como vice-primeiro-ministro, um facto que criou alguma estranheza e que, provavelmente, não terá qualquer situação similar em todo o mundo. Efetivamente, a nomeação da figura de vice-primeiro-ministro ocorre, apenas, em governos de coligação, tratando-se de uma deferência para com o líder do segundo partido da coligação.

Na altura, levantaram-se alguns rumores de que Ulisses Correia e Silva pretendia afastar-se da liderança e a nomeação de Olavo seria uma indicação para a sucessão.

De facto, os rumores tinham alguma razão de ser, mas o afastamento de Ulisses ocorreria, segundo o plano, mais adiante. Mais concretamente, tendo em vista a sua candidatura às eleições presidenciais de 2026.

Derrota de Carlos Veiga serviu os interesses de Ulisses

Nas últimas eleições presidenciais (em 2021), Ulisses e a direção do MPD tudo fizeram para a derrota do candidato apoiado pelo próprio partido, Carlos Veiga. De outro modo, não se justificaria, até por razão da lógica, que a figura do ex-primeiro-ministro fosse apoucada pela imagem de um boneco (o Kalu), fosse apresentado como um “amigo do governo” e, com o executivo em queda acentuada, as suas principais figuras subissem ao palanque, secundarizando o próprio candidato. Além do mais, a poucos dias das eleições, o governo anunciou o aumento de bens essenciais e do IVA, dificultando ainda mais as pretensões de Veiga.

Isto é, tudo foi feito para prejudicar o candidato apoiado pelo MPD, desta forma contribuindo em grande medida para a sua derrota nas eleições presidenciais.

Resta esclarecer eventual urdidura

Aparentemente, nada disto faria sentido, mas a verdade é que esse era o melhor cenário para as ambições pessoais e políticas de Ulisses!

De facto, com uma vitória de Veiga, o cenário para 2026 desaconselharia uma candidatura de Ulisses, porque o presidente eleito pretenderia renovar o mandato.

A Ulisses e à direção do MPD interessava que, em 2026, o presidente fosse José Maria Neves, criando-se, entretanto, um plano para torpedear o seu percurso e afastá-lo da presidência.

Nesse sentido, as irregularidades verificadas em alguns pagamentos da presidência, pese embora terem sido avalizadas pelo Tesouro (sob a responsabilidade do ministro das Finanças), vieram mesmo a calhar. Resta saber qual o papel da dupla Ulisses/Olavo numa eventual urdidura… certamente, uma dúvida que poderá ser esclarecida nos próximos dias.

O próximo alvo do plano golpista

A segunda fase do plano do golpe institucional em marcha, tem como alvo Francisco Carvalho! Ulisses e a direção do MPD pretendem recuperar a Câmara Municipal da Praia por razões que estão para além do acertar de contas com a derrota de 2020, quando Óscar Santos, entre a bazofaria e a arrogância de quem pensava ir ganhar as eleições, sofreu uma humilhante derrota, saindo o galo de crista baixa e no meio de enorme choradeira.

Ulisses e a direção do MPD sabem que uma renovação do mandato de Francisco Carvalho, poderá causar um furacão na correlação de forças políticas, nomeadamente, empurrando o atual presidente da autarquia da capital para uma eventual candidatura à liderança do PAICV.

Nesse sentido, se o MPD ganhasse as eleições na Praia isso constituiria uma dupla vitória: recuperava uma autarquia que já liderou e amputaria o PAICV de uma liderança forte e em condições para ganhar as legislativas de 2026.

É isso que está em jogo!

A direção,

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