Cabo Verde vai iniciar voos comerciais internacionais a partir de segunda-feira, ao fim de quase sete meses, tendo os passageiros de apresentar testes negativos para a covid-19 com pelo menos 72 horas de antecedência, foi esta sexta-feira, 9, anunciado em conferência de imprensa, na cidade do Mindelo, São Vicente, pelo ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, avançando que o tráfego comercial aéreo de passageiros será retomado a partir das 00:00 do dia 12 de outubro.
No mesmo dia, será também retomado o tráfego comercial marítimo de passageiros, bem como operações de escala técnica e de abastecimento de aeronaves no aeroportos nacionais.
“Decorridos cerca de seis meses após a decisão de interditar as ligações aéreas com países sinalizados com covid-19, período durante a qual medidas legislativas, sanitárias e administrativas foram implementadas para prevenção desta pandemia, é chegado o momento de decidir sobre esses novos passos a dar”, explicou o ministro.
O projeto de proposta de resolução que autoriza o tráfego aéreo e marítimo de passageiros, com destino e a partir de Cabo Verde, foi aprovado em Conselho de Ministros, realizado na quinta-feira, mas na cidade da Praia.
Cabo Verde está fechado a voos comerciais internacionais desde 19 de março, devido à pandemia de covid-19, tendo inicialmente anunciado a retoma em 30 de junho, mas com o recrudescer de casos, tanto na Europa como nas ilhas, a retoma foi adiada para a segunda quinzena de agosto, mas não se concretizou.
Desde 01 de agosto que está em vigor um corredor aéreo para voos essenciais entre Lisboa (Portugal) e as ilhas de Santiago e de São Vicente, operados regularmente por duas companhias portuguesas (TAP e SATA) e que obrigam os passageiros, nos dois sentidos, a apresentar testes negativos para covid-19 realizados com pelo menos 72 horas de antecedência.
De acordo com o ministro do Turismo, o Governo decidiu que é momento para restabelecer as ligações aéreas de forma plena com o exterior, obedecendo a requisitos aprovados e revistos periodicamente pelas autoridades competentes, designadamente o teste negativo.
“Esta decisão é tomada no momento em que, no país ,os meios de despiste da covid-19 nas principais ilhas e os centros de tratamento covid-19 instalados nas duas principais ilhas receberam a certificação internacional”, deu conta o ministro do Turismo, setor responsável por cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e garante de um “considerável” número de empregos.
Além disso, Carlos Santos disse que foi aprovada legislação para o cumprimento de regras e protocolos de segurança sanitária, para proteger a saúde dos cabo-verdianos e criar condições para reerguer a atividade económica.
Além dos atuais laboratórios de virologia, o governante destacou o protocolo assinado esta semana entre o Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) e os laboratórios Inpharma, para estes também realizarem testes da covid-19, reforçando assim a capacidade instalada, sobretudo nas quatro ilhas com aeroportos internacionais: Santiago, Sal, Boa Vista e São Vicente.
“Significa que todo esse conjunto de medidas está a ser desenhado, estruturado e implementado tendo em vista este último passo que nós demos ontem [quinta-feira], que é a abertura do país”, sublinhou, dizendo que a abertura não será diferenciada por países, mas sim para “todo o mundo”.
Entretanto, o governante disse que não espera uma entrada em massa de turistas já a partir de segunda-feira, referindo que tudo vai depender dos critérios impostos à saída desses cidadãos dos seus respetivos países.
“Mas em última análise, o aumento de turistas que venha para Cabo Verde vai depender do cidadão cabo-verdiano, porque se cada um de nós fizermos aquilo que está definido pelos parâmetros e pelos procedimentos anunciados e implementados pelo Ministério da Saúde, designadamente utilização de máscaras e distanciamento social, estaremos a fazer com que a curva de contaminação baixe e aí o país emissor terá um outro comportamento e terá um procedimento melhor para connosco”, apelou o ministro.
Este ano, o setor do turismo deverá registar perdas que podem chegar aos 70%, mas para o próximo ano o Governo prevê o aumento do número de turistas, entre 22% a 35%, dependendo do quadro epidemiológico, quer no país, quer no mundo.
Carlos Santos disse que o Governo, através da sua diplomacia, está a realizar há mais de um mês várias negociações com os países emissores de turistas, os grandes grupos hoteleiros e os grandes operadores turísticos, para lhes demonstrar o trabalho feito a nível sanitário e da implementação de protocolos.
Segundo o ministro, o Governo tem tido uma estratégia no sentido de apresentar Cabo Verde por ilhas, mostrando que algumas como Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal e Boa Vista já começam a ter uma “estatística convidativa” para estabelecer determinados corredores aéreos, sem olhar para os números a nível nacional.
O país tinha até quinta-feira um acumulado de 6.717 casos positivos de covid-19 desde 19 de março, dos quais 71 óbitos e dois doentes transferidos, 5.821 pessoas recuperadas e permanecem 825 casos ativos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e sessenta e três mil mortos e mais de 36,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Com Lusa
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