O presidente da Comissão Política Regional do PAICV, em São Vicente, disse hoje que a nova concessionária dos transportes marítimos inter-ilhas desconhece a realidade cabo-verdiana para colocar “um único barco” na linha São Vicente-Santo Antão.
Apresentando como mais uma das vozes que reclamam da situação criada com a entrada em funcionamento na nova concessionária dos transportes marítimos, a empresa Cabo Verde Inter-ilhas, Alcides Graça declarou que após a assinatura do contrato de concessão, em Fevereiro deste ano, a nova empresa teve “tempo mais do que suficiente”, seis meses, para preparar a sua entrada e “arrancar na perfeição”.
Mas, considerou a mesma fonte, desde o início das operações, a 15 de Agosto, que as queixas dos utentes, empresários e condutores “não param”.
“O serviço neste momento deteriorou-se consideravelmente, com um recuo de mais de 30 anos”, acusou o responsável local do Partido Africano para Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição).
Esta situação, sintetizou, relaciona-se com “decisões erradas” que a nova concessionária tomou, por “desconhecimento da realidade cabo-verdiana”, e que agora estão a ter “efeitos negativos” nas operações.
Alcides Graça lembrou que antes a ligação era feita por três navios (inter-ilhas, Liberdade e Mar d’Canal) de agências diferentes, com escritórios de venda diferentes, mas, ao passar a funcionar como uma única agência armadora, Cabo Verde Inter-Ilhas, com um único ponto de venda, era “evidente este afunilamento na procura de bilhetes”, que “não foi tido em consideração” e “bloqueou o sistema”.
Para o responsável local do PAICV, a proliferação dos pontos de venda não é solução, sendo que a empresa deve criar as condições e fazer investimentos para haver um “único ponto de venda”, mas com “condições dignas, de conforto e de atendimento, para atender os utentes em tempo aceitável”.
Alcides Graça apontou como outra “medida errada” a retirada do segundo navio da linha, tomada, “se calhar”, considerou, por desconhecimento da dinâmica das ligações marítimas entre estas duas ilhas. Por isso, exigiu que a administração da Cabo Verde Inter-ilhas o reponha o “mais rapidamente possível”.
Um outro erro, lançou, que parece de “pouca importância, mas muito relevante”, foi a fixação da sede da empresa na cidade da Praia, o que “retirou toda a capacidade de resposta rápida aos problemas na linha mais movimentada do país, com 74% do fluxo de transporte marítima de carga e passageiros” e “a única considerada de confiança”.
“Sinceramente, esperava-se muito mais do que aquilo que os armadores nacionais conseguiram garantir durante várias décadas, com muito sucesso, mas com poucos recursos, e sem nenhuma subsídio do Estado”, concretizou Alcides Graça, que disse ter tentado “várias vezes” contactar os responsáveis da empresa, mas só conseguiu falar com o presidente da Associação dos Armadores de Marinha Mercante (ACAMM).
Com Inforpress
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