O PAICV considerou hoje que o Governo não conseguiu implementar políticas para resolver os problemas do setor do turismo para diversificá-lo e torná-lo mais competitivo.
“Em 2016, quando o Governo assumiu funções, encontrou um país com quatro aeroportos internacionais que suportam todo o setor do turismo, portos que viabilizam todo o fornecimento dos hotéis, estradas de acesso, todo o planeamento das zonas turísticas especiais”, começou por apontar o deputado do PAICV Walter Évora, na sua intervenção inicial no debate no parlamento com o ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, na primeira sessão plenária de junho.
Segundo o representante do maior partido da oposição cabo-verdiana, eleito pelo círculo eleitoral da Boa Vista, segunda ilha mais turística do país, o atual Governo liderado por Ulisses Correia e Silva encontrou ainda uma forte carteira de investimentos privados no setor hoteleiro realizados e em curso, um fundo do turismo que já mobilizou muito dinheiro para serem investidos no setor.
“Sete anos depois, sob a liderança do atual ministro do Turismo e dos Transportes, o Governo não conseguiu qualificar o produto turístico, não conseguiu diversificar a oferta turística e diversificar os mercados emissores”, constatou o porta-voz do grupo parlamentar do PAICV.
Walter Évora apontou ainda deficiência a nível do saneamento básico e das infraestruturas e equipamentos de saúde, dizendo ainda que o Governo não adotou medidas de política para melhoria da condição de vida dos trabalhadores do setor do turismo, indicando que que continuam a auferir salários baixos em ilhas onde o custo de vida é muito elevado.
“Não se investiu no setor produtivo nacional para que pudesse ter capacidade de fornecer o setor do turismo e as poucas empresas nacionais que conseguem fornecer algum produto aos hotéis estão a passar por enormes dificuldades devido aos problemas das ligações marítimas”, continuou ainda o deputado nas suas críticas, apontando ainda “grandes deficiências” a nível das infraestruturas rodoviárias de acesso as zonas turísticas.
Também constatou que o Governo não adotou medidas para integrar o património natural e cultural na oferta turística, a que se adicionada uma “gritante falta de investimento” na requalificação urbana e uma “decadência” nas estruturas regionais de coordenação e de promoção do turismo.
“E a situação mais grave é seguramente a da SDTIBM [Sociedade de Desenvolvimento Turístico Integrado da Boa Vista e Maio], uma estrutura que anos que não consegue mobilizar nenhum investimento privado nem para Boa Vista nem para o Maio”, lamentou Évora, criticando ainda a gestão do Fundo do Turismo.
No que diz respeito aos transportes, setor intimamente ligado ao turismo, o deputado do PAICV constatou que é onde o Governo tem “maiores debilidades”.
“A situação dos transportes aéreos interilhas pode ser resumida numa frase que foi dita pelo próprio Ministro do Turismo e dos Transportes, que disse: ‘Transportes aéreos não é para toda gente’”, citou Walter Évora.
A deputada da UCID, também oposição, Zilda Oliveira, também pediu ao Governo para melhorar a qualificação do turismo no arquipélago.
“A UCID considera que é essencial debater questões essenciais, nomeadamente sobre o tipo de turismo e de turistas queremos para o país, para cada ilha em função das suas potencialidades”, afirmou a deputada eleita por São Vicente da terceira força política no parlamento cabo-verdiano, considerando também ser “prioritário” ter ligações interilhas com regularidade, previsibilidade, qualidade e custos acessíveis
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