“Não podemos analisar a viabilidade de um banco apenas com cinco anos. Os bancos dão empréstimos para 30 anos, no mínimo temos que analisar a sua viabilidade a longo prazo”, defende António Baptista.
O ex-presidente do Conselho de Administração do Novo Banco (NB), António Baptista disse hoje, na Cidade da Praia, que acreditava na recapitalização do Novo Banco, tendo em conta a sua importância a nível do sector financeiro em Cabo Verde.
“A recapitalização do NB deveria ter acontecido com maior regularidade e tínhamos a consciência de que isso era necessário. Não só pelo facto de o BCV ter exigido, mas porque qualquer entidade financeira teria que cumprir essa exigência”, sublinhou António Baptista na audição na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o Novo Banco.
Segundo António Baptista, qualquer um dos governos poderia ter recapitalizado o Novo Banco que estava no momento de “take off” (descolagem). Na opinião deste gestor do Novo Banco, havia a necessidade de recapitalização porque a partir do momento que um banco aumenta o seu volume de negócio, teria que ter um capital correspondente.
“Os produtos do Novo Banco aumentaram rapidamente, enquanto que o capital próprio não cresceu na mesma proporção. Daí a necessidade da sua recapitalização na altura”, salientou António Baptista, assumindo uma posição idêntica à da ex-ministra das Finanças, Cristina Duarte, que ontem, segunda-feira, disse aos deputados que o actual governo optou por uma má política, quando deveria ter recapitalizado o NB como ficara decidido em Assembleia-geral de accionistas.
Também assim pensa o ex-presidente da Comissão Executiva do NB, Emanuel Gomes, que garantiu esta terça-feira, aos membros da CPI que a recapitalização do Novo Banco evitaria a medida de resolução decretada pelo Banco Central.
Quanto ao valor para a recapitalização do NB, António Baptista disse que o montante de 500 mil contos resolveria o problema a curto prazo para cumprir os rácios prudenciais. “O montante de 500 mil contos não era suficiente, mas daria um tempo ao NB para fazer as reformas necessárias visando a sua sustentabilidade. Esse montante faria a reposição dos capitais próprios”, disse António Baptista.
Questionado se ficou surpreso com a medida de resolução do NB por parte do Banco de Cabo Verde (BCV), António Baptista disse que “não tão surpreso, tendo em conta que o banco não cumpria os rácios prudenciais exigidos pela nova legislação do sector bancário”.
A preocupação do Banco de Cabo Verde (BCV) como supervisor era que o NB cumprisse os requisitos exigidos na nova legislação, frisou António Baptista, sublinhando que o NB seria um projecto viável.
“Não podemos analisar a viabilidade de um banco apenas com cinco anos. Os bancos dão empréstimos para 30 anos, no mínimo temos que analisar a viabilidade ou não de um banco num período de longo prazo”, esclareceu António Baptista.
Com Inforpress
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