Arrancou esta semana a vacinação em massa da população contra a covid-19 no Sal e Boa Vista, duas ilhas em cujo objetivo é vacinar todos os adultos antes de agosto, para garantir a retoma turística.
“Nos meses de junho e julho contamos vacinar toda a população elegível nas ilhas do Sal e da Boa Vista”, anunciou o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, ao antecipar o início da operação de vacinação em massa nas duas ilhas, na segunda-feira, que obrigou à formação de mais enfermeiros, para reforçar os respetivos centros de saúde.
Cabo Verde recebeu em 2019 um recorde de 819.308 turistas, 45,5% nos hotéis da ilha do Sal e 29,4% na Boa Vista, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística cabo-verdiano, num setor que representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago, mas a procura caiu cerca de 70% em 2020, devido à pandemia de covid-19.
Aquelas duas ilhas concentram também a maioria das 284 unidades hoteleiras que funcionavam em Cabo Verde antes da pandemia, então com uma oferta oficial em todas as ilhas superior a 21 mil camas. No Sal, com 30 unidades hoteleiras, a oferta era de 9.571 camas, enquanto nas 24 unidades na Boa Vista a oferta ascendia a 6.395 camas.
De acordo com informação transmitida anteriormente pelo ministro da Saúde, estes grupos hoteleiros privados também se associaram ao processo de vacinação nas duas ilhas, no sentido de garantir a retoma da procura turística por Cabo Verde, que no primeiro trimestre deste ano registou pouco mais de 12.000 turistas.
Segundo dados divulgados na segunda-feira pelo diretor nacional de Saúde de Cabo Verde, Jorge Noel Barreto, 12% da população elegível (com mais de 18 anos) da ilha do Sal já tinha recebido pelo menos uma das doses das vacinas disponíveis no arquipélago, enquanto na Boa Vista essa percentagem é de 7,4%.
Com populações substancialmente superiores, o concelho da Praia já registava uma taxa de vacinação da população adulta de 10%, enquanto em São Vicente esse registo sobe para 15%.
“A vacinação está a ser acelerada nas ilhas do Sal e da Boa Vista porque com a vacinação a decorrer nos países emissores de turistas [essencialmente europeus], uma das condições que pedem ao país é que os destinos dos seus cidadãos sejam pelo menos vacinados para reduzir a possibilidade de haver propagação de infeções, muito embora venham vacinados”, apontou Jorge Noel Barreto.
Para já, o plano de vacinação em Cabo Verde contempla no resto do arquipélago os grupos prioritários, nomeadamente profissionais de saúde, idosos, doentes crónicos, polícias, militares, bombeiros, professores e trabalhadores ligados ao setor do turismo.
“Neste momento temos 566 pessoas ligadas ao setor do turismo vacinadas, representando 5% do previsto no plano nacional de vacinação”, disse ainda Jorge Noel Barreto.
Com Cabo Verde a registar atualmente 811 casos ativos de covid-19 – que já foram mais de 3.000 no pico da pandemia, entre abril e maio últimos -, as ilhas do Sal e da Boa Vista contam, respetivamente, apenas nove e dez, segundo dados do Ministério da Saúde.
O primeiro-ministro de Cabo Verde assumiu na segunda-feira, no parlamento, que a vacinação da população contra a covid-19 é a primeira prioridade da nova legislatura, prevendo que 52% dos adultos estejam vacinados até agosto.
“Na situação de emergência e de contingência em que o país se encontra, a primeira prioridade é massificar a vacinação para atingirmos a meta de vacinar mais de 70% da população de Cabo Verde em 2021”, afirmou Ulisses Correia e Silva, ao apresentar na Assembleia Nacional o Programa do Governo para a legislatura (2021/2026), antecedendo a necessária votação de uma moção de confiança, que foi aprovada por maioria.
De acordo com o primeiro-ministro, já foram vacinadas contra a covid-19 um total de 41.616 pessoas em Cabo Verde, correspondente a 11% da população elegível (com mais de 18 anos).
“Com um número significativo de vacinas chegadas recentemente, prevê-se que até agosto possamos ter vacinado um total de 200 mil pessoas, correspondente a 52% da população elegível. Mais vacinas chegarão ao país para podermos atingir a meta definida”, afirmou Ulisses Correia e Silva.
Cabo Verde registou mais 32 infetados com o novo coronavírus na segunda-feira, e uma morte, o registo diário mais baixo desde 22 de março (26 casos), segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde.
Cabo Verde passa assim a contar com um acumulado de 31.647 casos do novo coronavírus desde 19 de março de 2020 (quando foi diagnosticado o primeiro infetado no arquipélago), distribuídos por todos os 22 municípios das nove ilhas habitadas, e 276 óbitos por complicações associadas à doença, segundo os dados oficiais.
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