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Cabo Verde Airlines quer voltar a ligar quatro continentes no ‘hub’ do Sal
Economia

Cabo Verde Airlines quer voltar a ligar quatro continentes no ‘hub’ do Sal

O presidente da Cabo Verde Airlines (CVA), Erlendur Svavarsson, afirmou esta sexta-feira, 19, esperar que a companhia volte a operar o ‘hub’ do Sal na interligação a quatro continentes, fazendo depender o reinício da operação do aumento da procura internacional.

Questionado pela agência Lusa sobre informações envolvendo reduções na frota da companhia, liderada desde março de 2019 por investidores islandeses e há quase um ano sem voos comerciais devido à pandemia de covid-19, Erlendur Svavarsson afirmou que a administração está a tomar “todas as medidas possíveis” para poder retomar a atividade.

“Esperamos conectar quatro continentes mais uma vez através do nosso ‘hub’ na ilha do Sal”, disse, referindo-se às ligações que a CVA garantia, antes da pandemia, à Europa, África, Estados Unidos (América do Norte) e Brasil (América do Sul).

Acrescentou que a CVA e os seus acionistas estão a “envidar todos os esforços” para que a companhia “possa reiniciar as operações assim que a procura de viagens aéreas aumente”.

“Para atingir esse objetivo, muitas questões precisam ser resolvidas, incluindo o treino de pessoal, a manutenção de aeronaves, atualizações do sistema de vendas e as negociações com os credores”, explicou ainda Erlendur Svavarsson.

A frota da CVA é constituída por três Boeing 757-200, que foram deslocados para um centro de manutenção em Opa Locka, Miami, nos Estados Unidos da América (EUA), logo após a suspensão de voos internacionais para o arquipélago, em março de 2020, para travar a pandemia de covid-19.

Um desses aviões (D4-CCH, batizado pela CVA como “Fontainhas”), partiu em 20 de dezembro último de Opa Locka para o Aeroporto Internacional de Keflavík, o maior aeroporto da Islândia, confirmou a Lusa junto de fontes do setor.

Em entrevista à Lusa em 10 de fevereiro, o presidente da CVA afirmou que até agora foram feitos “todos os esforços” para “evitar a falência” da companhia e que além do Estado é necessário envolver os credores na futura solução.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

“Até ao momento, todos os esforços foram feitos para evitar a falência da Cabo Verde Airlines. Assim como acontece com a reestruturação de companhias aéreas em todo o mundo, o esforço de todas as partes interessadas, incluindo fornecedores e financiadores, será necessário para relançar a companhia aérea com sucesso”, afirmou Erlendur Svavarsson, questionado diretamente pela Lusa sobre um eventual cenário de encerramento da companhia.

Atualmente, permanece no Estado cabo-verdiano uma quota de 39% do capital social da companhia aérea (10% entre emigrantes e trabalhadores da CVA) e desde maio que são conhecidas negociações, ainda sem desfecho, com o Governo de Cabo Verde para um apoio à companhia, face às consequências da pandemia de covid-19.

“O Estado de Cabo Verde perdeu receitas significativas devido à redução do turismo como resultado da pandemia. Essa perda de receita pode reduzir a capacidade do Governo para ajudar a companhia aérea. Estou convencido de que os acionistas chegarão a um acordo, mas estou igualmente convencido de que outras partes interessadas, como os credores comerciais, terão de fazer parte da solução de forma significativa”, defendeu Erlendur Svavarsson, embora sem adiantar valores sobre dívidas da companhia.

Cabo Verde registou desde o início da pandemia 142 mortos devido à covid-19 e 14.885 infetados.

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