O Banco de Cabo Verde (BCV) prevê um crescimento económico de 4,1% em 2023, anunciou hoje o governador da instituição, realçando que este ano o desempenho da economia nacional está condicionado pela desaceleração do crescimento mundial.
Óscar Santos fez este anúncio em conferência de imprensa, na cidade da Praia, para a apresentação do Relatório de Política Monetária, lembrando que a evolução da economia internacional em 2022 ficou marcada pela desaceleração da actividade económica global e dos principais parceiros económicos de Cabo Verde.
Apesar deste enquadramento externo pouco favorável, frisou, o desempenho da economia nacional ficou marcado por um crescimento histórico, superando os níveis pré-pandémicos, referindo que o Produto Interno Bruto em volume cresceu, em 2022, 17,7 por cento (%), o que compara com a expansão registada de 6,8% em 2021.
De acordo com o governador, esta evolução resultou do crescimento excepcional do valor acrescentado bruto dos sectores ligados ao turismo, nomeadamente os sectores de alojamento e restauração (264,4%), transportes e armazenagem (45,8%) e comércio e reparação (34,2%).
Destacou o aumento registado na taxa de inflação em Cabo Verde, melhoria nas contas externas, evolução positiva do défice da balança corrente, que atingiu 3,4% do PIB em 2022, acrescentando que as reservas internacionais líquidas situaram-se num nível confortável em 2022, o investimento direto estrangeiro realizado no país em 2022 registou um crescimento de 51% face ao ano anterior e houve um crescimento da oferta monetária em 5,9%.
Óscar Santos salientou, neste contexto, que tendo em conta o crescimento excecional de 2022, quando o PIB atingiu os níveis pré-pandémicos, para o ano em curso espera-se que o crescimento esteja mais próximo do seu potencial de crescimento histórico, influenciado pelos elevados níveis de incerteza e a exacerbação dos riscos e tensões geopolíticas e financeiras.
“Deste modo, para 2023, o BCV prevê um crescimento de 4,1%. O desempenho da economia nacional para 2023 está condicionada pela desaceleração do crescimento mundial, pelos níveis ainda elevados da inflação, pelo aperto das condições de financiamento, bem como pela retirada gradual das medidas orçamentais implementadas para minimizar os efeitos dos elevados preços da energia e dos produtos alimentares de primeira necessidade”, declarou.
Já em 2024, informou, o crescimento económico deverá aumentar para os 5,3% à medida, que os constrangimentos no abastecimento global se dissipem, os preços da energia reduzam proporcionando algum alívio de custos, especialmente para as indústrias de uso intensivo de energia, os rendimentos reais melhorem com a redução da inflação, e a procura externa continue a se fortalecer, desde que as actuais tensões no mercado financeiro diminuam.
“No concernente à inflação, no horizonte de projecção, espera-se que a taxa média anual reduza gradualmente, de 8% em 2022 para 4,9% e 2.2% em 2023 e 2024, respectivamente”, indicou.
Óscar Santos defendeu ainda que face ao contexto exposto, é fundamental o alinhamento gradual da condução da Política Monetária do BCV à actuação do BCE, no sentido de reduzir o diferencial de juros e, deste modo, mitigar os riscos associados a uma potencial saída de divisas.
Adiantou, por outro lado, que o banco central decidiu aumentar da taxa de juro diretora (TRM) em 75ph, de 0,25% para 1,00%, aumentar a taxa de juro das Facilidades Permanentes de Absorção de Liquidez (FPA) em 50 pb, para 0.59% 3), a taxa de juro das Facilidades Permanentes de Cedência de Liquidez (FPC) em 75 pb, de 0,50% para 1,25%, a taxa de juro de Redesconto em 100 pb, de 1,00% para 2,00% e garantir a manutenção do coeficiente de Reservas Mínimas de Caixa (DMC) nos atuais 10%.
Informou, igualmente, que as medidas do BCV estabelecem o término do programa de financiamento de longo prazo (Operação Monetária de Financiamento) redução do montante de colocação mensal para as operações a realizar se no mês de junho, de 1.000 milhões para 500 milhões de escudos, manutenção da maturidade de 3 anos para os leilões, de 1 e 2 anos para as operações bilaterais, manutenção da lista de activos elegíveis como colaterais para as OMF e da taxa de juro em 0,75%).
“O BCV continuará a acompanhar a evolução das variáveis e condições económicas, a evolução da conjuntura internacional e os riscos advenientes para a economia e o sistema nacional, mantendo-se alerta para intervir em qualquer momento e adotando as medidas que se mostrarem adequadas”, concluiu.
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