Avião da Cabo Verde Airlines regressou ao arquipélago mais de um ano depois
Economia

Avião da Cabo Verde Airlines regressou ao arquipélago mais de um ano depois

Um Boeing da Cabo Verde Airlines (CVA) regressou hoje ao arquipélago, mais de um ano depois de ser colocado em situação de armazenamento no exterior, o que segundo o Governo “marca a retoma dos voos” da companhia de bandeira.

De acordo com fonte aeroportuária contactada pela Lusa, a chegada do D4-CCG “Baía de Tarrafal” ao aeroporto internacional de Praia aconteceu cerca das 16h30mn, tendo sido recebido com o lançamento de jatos de água, na pista.

“Após a certificação do Boeing-757 da Cabo Verde Airlines pela Agência da Aviação Civil (AAC), na Islândia, o Governo congratula-se com a conclusão do processo e chegada da aeronave ‘Baia do Tarrafal’ ao país”, declarou o executivo, em comunicado.

“Trata-se de um momento importante para Cabo Verde e para os cabo-verdianos uma vez que marca a retoma dos voos da nossa companhia de bandeira e certamente espelha a retoma do turismo e dos diversos setores da economia nacional”, acrescentou.

A Lusa já tinha noticiado há uma semana que técnicos da AAC estavam na Islândia para certificar um avião da CVA colocado há um ano em armazenamento devido à pandemia de covid-19, para regressar ao arquipélago.

Em declarações à Lusa, o presidente da companhia, Erlendur Svavarsson, explicou então que os técnicos da autoridade de aviação cabo-verdiana estavam na Islândia, juntamente com tripulantes de voo da companhia, para tratar do “processo necessário para retirar a aeronave do programa de armazenamento em que se encontra”.

“E posteriormente, o processo de emissão de um novo certificado de aeronavegabilidade será tratado pela AAC. O plano será então trazer o avião para Cabo Verde”, revelou.

Contudo, Erlendur Svavarsson também afirmou que a retoma dos voos comerciais pela CVA, suspensos há mais de um ano, “dependerá da abertura das fronteiras” e das autorizações de viagens nos vários países.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

A CVA operava antes da pandemia com três aviões Boeing 757-200ER fornecidos em regime de ‘leasing’ pelo grupo Icelandair, que lidera a companhia cabo-verdiana, e todos foram deslocados em março de 2020 para Miami, Estados Unidos da América (EUA), colocados em situação de armazenamento devido à suspensão de toda a atividade comercial.

Entretanto, o Boeing com a matrícula D4-CCG, batizado com o nome de “Baía de Tarrafal”, foi deslocado em 12 de março para o aeroporto de Keflavik, na Islândia. O mesmo aconteceu em 20 de dezembro passado com o Boeing com a matrícula D4-CCH, batizado “Fontainhas”.

Antes ainda, em 15 de março, o presidente da CVA já tinha afirmado à Lusa que a companhia prepara a retoma de voos para a Europa e os EUA, mas sem se comprometer com prazos, que faz depender do processo de vacinação.

Erlendur Svavarsson explicou então que para a companhia cabo-verdiana, privatizada há dois anos e parada desde março de 2020 devido à pandemia, assim como para o setor em geral, “o principal indicador” da retoma da procura, destinos e operações aéreas “será a taxa de vacinação”.

“A Cabo Verde Airlines está a trabalhar no sentido de retomar os voos para a Europa e os Estados Unidos como primeiro passo para ligar quatro continentes através do nosso ‘hub’ na ilha do Sal, assim que as condições pandémicas o permitirem”, sublinhou Erlendur Svavarsson.

O futuro da CVA tem estado em destaque na campanha eleitoral para as legislativas de 18 de abril em Cabo Verde, com Ulisses Correia e Silva (MpD, maioria e primeiro-ministro) a defender que desde a privatização, em 2019, o Governo não injetou dinheiro na companhia e apenas emitiu avales para empréstimos bancários, como tem feito com outras empresas afetadas pela pandemia de covid-19.

Já a líder da oposição, Janira Hopffer Almada (PAICV), contesta e garante que se for eleita pretende reverter a privatização, recapitalizando a companhia e fazendo regressar aos voos internos, além das ligações internacionais.

O Governo cabo-verdiano, que detém uma participação social de 39% na CVA, que conta com cerca de 300 trabalhadores, anunciou no final de fevereiro um acordo com a administração da companhia para a retoma das operações, prevendo a renegociação com credores, o que envolve também o grupo Icelandair, que fornece (através da Loftleidir) as aeronaves da companhia.

Na sequência deste entendimento, o Governo cabo-verdiano autorizou em 06 de março o quinto aval do Estado a um pedido de empréstimo de emergência da administração da CVA, de 12 milhões de euros. Com este aval, os financiamentos pedidos pela companhia desde novembro, com garantia do Estado, elevam-se a quase 20 milhões de euros.

O novo acordo com o Governo cabo-verdiano prevê a redução de três para duas aeronaves e a retoma a curto prazo dos voos para Portugal e EUA, para servir a comunidade cabo-verdiana. Em contrapartida, o Estado reforça a posição no conselho de administração, passando a ter poder real de decisão.

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