Germano Almeida, prémio Camões 2018, defendeu a criação de prémios literários para incentivar os jovens a escrever, pedido feito num dos momentos do Festival Literatura-Mundo que decorre há três dias, na ilha do Sal.
Considerando que Cabo Verde está num “bom momento” de literatura, o escritor reiterou, entretanto, que é preciso haver mais incentivos, visando despertar nos jovens o gosto pela literatura e a vontade de escrever.
“Só os festivais não chegam. Eu tenho dito que é necessário haver concursos literários, com prémios, para incentivar os jovens a escrever porque escrever é, efectivamente, um acto de prazer, mas também para se escrever perde-se muita coisa. Isto é a gente deixa de fazer muitas coisas para poder escrever”, observou.
Tendo isso em linha de conta, ponderou que “numa certa idade” é mais fácil abdicar-se das coisas, já que, conforme disse, não se tem muita apetência para festas e outras diversões.
“Mas os jovens não … se querem escrever têm que sacrificar. Então têm que ter algum incentivo. E penso que esse incentivo são os prémios literários. Por outro lado, se queremos a internacionalização da nossa literatura, temos que pagar por isso. De maneira que tem que haver incentivos”, frisou o escritor, vencedor do Prémio Camões 2018, o mais importante galardão da literatura em língua portuguesa.
Licenciado em Direito em Lisboa, Germano Almeida, de 72 anos, nasceu na ilha da Boavista, em 1945.
As suas obras encontram-se traduzidas em vários países, nomeadamente Estados Unidos, França, Holanda, Brasil, Dinamarca, Espanha (Castelhano e Basco), Itália, Noruega, Suécia e Alemanha.
A II Edição do Festival Internacional Literatura-Mundo que arrancou quinta-feira, em Santa Maria, devendo terminar domingo, trouxe para esta festa literária perto de 40 escritores de diferentes latitudes, destacando-se, entre eles, os autores cabo-verdianos.
Hoje, a programação será preenchida com uma sessão de leitura nas Salinas de Pedra de Lume (Património Cultural, Histórico e Natural de Cabo Verde), entre conferências e mesas redondas.
Promovido pela Câmara Municipal do Sal, com curadoria do escritor José Luís Peixoto e organização da Rosa de Porcelana Editora, o festival propõe reflectir e debater o alargamento dos cânones literários, dar visibilidade às várias literaturas dos países e inscrever Cabo Verde na rede internacional da Literatura-Mundo.
Com Inforpress
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