Com pseudónimo de C. Salgado, o escritor Abrão Correia de Sena, lança no próximo dia 14 de Janeiro do ano que vem, um novo livro de crónicas literárias e contos. É uma compilação de textos publicados pelo autor nos jornais Artiletra, Expresso das Ilhas e A Semana e um conto inédito, “À espera das trevas & Outras umbilicais fantasias”, 120 pgs), que dá nome a este volume.
Toda a obra se passa na ribeira de São Domingos, concelho natal de Abrão Sena, e são seis estórias com base em factos e personagens reais, contadas com mestria rítmica, narrativa convincente e humor, muito humor que fará o leitor rir sozinho enquanto se delicia com o livro de C.Salgado.
As mentiras gastronómicas de ‘TIU’, no conto com o mesmo nome, as amarguras e peripécias de Xamáni di Dés, em ‘Amarga fruta’ ou ingrata sina de um filho codé numa família com muitos irmãos, “Kodé”, são vivências de qualquer santiaguense que se preze, contadas aqui com brilhantismo lírico, consistência estilística e altas doses de humor.
O autor, que tem textos espalhados há anos pelas diversas publicações em Cabo Verde, chegou a manter crónicas semanais no extinto jornal A Voz (intitulado ‘reticenciando…’), Terra Nova, com uma coluna chamada ‘No conjuntivo’ e na SOCA Magazine, com ‘Ao correr da pena!’.
“À espera das trevas”, impresso na Polónia, tem edição de autor e ilustrações e concepção gráfica (excelente, diga-se) de Salif Silva, será lançado no dia 14 de Janeiro, em São Domingos, terra natal do autor e cenário principal dos contos de C.Salgado. A apresentação acontecerá no Eco-Centro e será apresentado por Filomeno Rodrigues, conhecedor das estórias ou dos personagens relatados nessas cómicas aventuras, e Sara Almeida, jornalista.
Em jeito de pré-apresentação, Santiago Magazine publica aqui um excerto do terceiro capítulo do conto que dá nome ao livro, “À espera das trevas”, uma boa prenda para esta época festiva. Está disponível, em stock limitado, nas livrarias Nhô Eugénio, em Achada Santo António, e Pedro Cardoso, na Fazenda.
Pré-publicação:
“Periodo dos mais férteis (em diabruras, entenda-se!), foi o tempo da tropa. Como se não lhes bastassem as brigas (para que convocava a sua ‘turma’ – os mais possantes e destemidos camaradas da Primeira Companhia dos Caçadores), cujo alvo de estimação era, por norma, os agentes da Polícia de Segurança Pública; ou porque o empenhamento de donzelas vindas do interior (para estudar! Ou a trabalhar como criadas de servir), não lhe dava suficiente contentamento, dado ainda que as constantes zaragatas em que se metia, nas festas das freguesias, não o tornaram suficientemente conhecido entre as raparigas casadoiras, a ver quem ganharia a sua atenção privilegiada, no meio da mocitude das localidades, onde uma renhida emulação se instalara, para se apurar quem era o galo que cantava mais afinado; e, por fim, insatisfeito pela sua diminuta nomeada junto das autoridades, apesar da fama de arruaceiro-mor se transmitir a todas as regedorias, Salan (como se tudo isso não bastasse) foi ao extremo: tornar-se espírita! Em Achada Grande, procurou aprender, com o celebérrimo Mulátu Prétu, as artes de se acamaradar com Xúxu, no declarado intuito de selar um contrato com o mesmo. Ou, ao menos, de tornar-se um mágico, outro Nené Popóni!...”
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