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Resgatar a dignidade humana, o caminho da autêntica espiritualidade   
Colunista

Resgatar a dignidade humana, o caminho da autêntica espiritualidade  

A partilha deve marcar o ciclo da permanência e do não do aleatório. O resgate da dignidade humana, é o maior projecto social e antropológico que deve somar diante das iminentes crises. Não haverá sociedade equilibrada em todas as dimensões necessárias, se a dignidade humana for um pretexto. É preciso sair do epicentro pessoal para atingir o epicentro colectivo. A partilha é justamente isso, romper com a centralidade egoísta, resgatar o que de mais importante existe no ser humano.

Ninguém que não ama e que não partilha estará apto para se amar condignamente. Quem vive exclusivamente para si, perde o melhor da vida e jamais conhecerá o que a mesma poderá lhe oferecer.

Partilha é lembrar que o outro não está fora de mim; é parte de mim. É ir ao encontro sem esperar nada em troca.

Está claro, que a dignidade humana é a primeira e última fronteira nas relações interpessoais. Certamente, que não haverá tranquilidade interna quando o apego fala mais alto do que a predisposição de partilha.

Partilha é andar o trilho do outro, é dar a oportunidade para que o outro não fique pelo caminho. É a maior demonstração de quem realmente somos, e nisto refletimos o melhor de nós.

É claro, que podemos transformar o melhor no pior em nós. A espiritualidade se evidência na partilha. Significa, que a espiritualidade não tem relação com o apego, aliás, o apego é inimigo do bem-estar humano.

Quem não aprende a viver para ajudar o outro, não terá condições para ser feliz.  Isto é, rompemos a nossa própria geografia pessoal; a nossa economia centralizada e opaca. Vencendo a nossa pequenez, criando pontes e não um reservatório.

A espiritualidade é a essência do ser humano, isto é, aspiramos e anelamos algo maior do que nós, uma realidade suprafísica. Que vá além do sempre, rompendo ciclos costumeiros. Uma faculdade que ultrapassa a dimensionalidade fatídica e corriqueira. Desfazendo do egoísmo, conquistando novos pódios que elevam o ser humano. Não há espiritualidade sem a elevação do ser humano a um estatuto de ordem e equilíbrio.

Aliás, resgatar a dignidade, é justamente criar caminhos que fortaleçam o senso do equilíbrio e do desenvolvimento.

Numa época em que uma boa parte se manifesta parcialmente como pontes do equilíbrio, deve prevalecer a essência e não o invólucro. A circunstancialidade não deve marcar passo onde a realidade requer o permanente. Está claro que, tudo que é circunstancial também é passageiro.

A partilha deve marcar o ciclo da permanência e do não do aleatório. O resgate da dignidade humana, é o maior projecto social e antropológico que deve somar diante das iminentes crises.

Não haverá sociedade equilibrada em todas as dimensões necessárias, se a dignidade humana for um pretexto. É preciso sair do epicentro pessoal para atingir o epicentro colectivo. A partilha é justamente isso, romper com a centralidade egoísta, resgatar o que de mais importante existe no ser humano.

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SOBRE O AUTOR

Lino Magno

Teólogo, pastor, cronista e colunista de Santiago Magazine