Pelo tempo que falta até 2026, não haverá tempo útil e recursos suficientes para evitar nova catástrofe eleitoral rabentola: a formulação, execução, avaliação, comunicação, impacto de políticas públicas por mais revolucionárias que vierem a ser, encontrará obstáculos internos na máquina da administração pública pouco eficiente e muito incompetente e constrangimentos externos como as tendências sócio-demográficas e políticas desfavoráveis que estão patentes nos estudos do afrobarometer e nos resultados eleitorais e nas avaliações muito negativas de desempenho do Governo. Os dados mostram que quanto maior a preferência dos cabo-verdeanos pela democracia, menor é a sua preferência eleitoral pelo MpD e traduzido (na Praia) em menores taxas de votações tanto em números absolutos quanto em números relativos nos ventoinhas.
As últimas declarações de Ulisses Correia e Silva à imprensa quanto às chances eleitorais mpdistas nas legislativas de 2026 mostram o quanto o MpD está desconectado da realidade do país e que o Primeiro Ministro vive no mundo da lua.
1. O quadro evolutivo dos dados do afrobarometer de 2002 a 2022 mostra que a preferência dos eleitores cabo-verdeanos para o regime democrático aumentou de 65,4%, em 2002, para 83,8%, em 2022, correspondendo a um aumento de quase 20% p.p. em 20 anos.
2. Nesse mesmo período de 20 anos, em sentido inverso, a satisfação dos crioulos para com a democracia caiu de 32,9%, em 2002, para 25,6%, em 2022, correspondendo a uma queda de 7,3%, em duas décadas de democracia.
3. A preferência partidária dos cidadãos maiores de 18 anos pelo MpD declinou paralelamente à queda na satisfação para com a democracia e a um ritmo mais intenso: se em 2002, a preferência partidária pelo MpD era 35%, já em 2022, essa preferência despencou para 15%, ou seja, quanto maior for a insatisfação com a democracia, menor é a preferência pelos rabentolas, numa proporção de um para dois.
4. Por outras palavras, o eleitor cabo-verdeano, decididamente, não vê no “movimento” a solução para a sua insatisfação com a democracia por que os reflexos dessa sua dinâmica de preferência eleitoral levaram-no a votar na oposição, PAICV: nas eleições presidenciais de 2021 e nas autárquicas de 2024 por 15/07 e já prometeu votar da mesma maneira nas legislativas de 2026 se elas ocorressem hoje.
5. A dinâmica dos resultados eleitorais municipais na Praia, de 2012 a 2024, ilustra e norteia a realidade nacional e resume e traduz bem o quanto Ulisses está desorientado e vivendo num universo paralelo ao tentar passar a mensagem que conseguirá reverter a marcha da mais que provável futura derrota eleitoral nas legislativas de 2026.
6. Pelo tempo que falta até 2026, não haverá tempo útil e recursos suficientes para evitar nova catástrofe eleitoral rabentola: a formulação, execução, avaliação, comunicação, impacto de políticas públicas por mais revolucionárias que vierem a ser, encontrará obstáculos internos na máquina da administração pública pouco eficiente e muito incompetente e constrangimentos externos como as tendências sócio-demográficas e políticas desfavoráveis que estão patentes nos estudos do afrobarometer e nos resultados eleitorais e nas avaliações muito negativas de desempenho do Governo.
Os dados mostram que quanto maior a preferência dos cabo-verdeanos pela democracia, menor é a sua preferência eleitoral pelo MpD e traduzido (na Praia) em menores taxas de votações tanto em números absolutos quanto em números relativos nos ventoinhas.
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