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“Terraplanismo rabentola”
Colunista

“Terraplanismo rabentola”

No país dos “rabentolas”, por mais absurdo que possam parecer determinados fatos ou situações e outras até cómicas consta que quase 60% da sua população considera que o rumo do país está errado, 1/3 pessoas com carência alimentar, mais da metade do eleitorado deixou de votar, o desemprego jovem se alastra, a dívida pública explode “mas ali que nos é bom” e nas próximas eleições “sem djobi pa lado” para mais terraplanismo e rabentolismo? Tem a palavra o sr. Povo!

Dizer que o planeta terra é plana pode parecer absurdo para maioria das pessoas mas há quem acredite nisso e que faz profissão de fé a favor desse contra-senso científico, inclusive, entre nós, em relação a vários assuntos dos mais banais aos mais sérios.

1. Num país pobre onde cerca de um em cada três pessoas é classificada como pobre, isto é, tem o rendimento médio diário inferior a dois dólares, o Vice-Primeiro Ministro tem a ousadia de dizer, impune e irresponsávelmente, que esse país tem dinheiro que nunca mais acaba!

2. Nesse mesmo país um Presidente de Câmara Municipal enterra milhões dos cofres públicos numa sepultura de um mercado - que nunca mais acaba e o povo resolve promovê-lo a Primeiro Ministro!

3. O país é tão espetacular que os seus gestores públicos enquanto todas as escolas de administração e gestão ensinam a maximização dos ganhos e minimização das perdas como conceitos básicos, eles vão na contramão desses princípios e quando vendem o património público minimizam os ganhos, ao máximo, ao ponto de ao invés de receberem, por exemplo, os milhões de dólares na alienação da companhia aérea a que teriam direito, dispensam o recebimento e ainda pagam ao comprador! Por outro lado, quando teriam que minimizar os prejuízos optam, deliberadamente, para conseguirem as maiores perdas possíveis, por exemplo, quando perdem processos judiciais condenatórios com trânsito em julgado em que têm que pagar indemnizações, aos invés de pagarem logo, para evitar o acúmulo ao montante a cobrança de juros sobre o valor devido, fazem de tudo para lesarem o Estado o máximo possível com a protelação dos pagamentos devidos, irresponsável e impunemente, afinal, o Estado tem dinheiro que nunca mais acaba!

4. Certa vez, fora assistir a uma fase final de um campeonato nacional de voleibol numa das quadras deste país e, a dado momento, a bola foi passada por debaixo da rede de um lado para o outro mas ninguém achou estranho, nem os árbitros, nem a equipa adversária e nem o público assistente e o jogo continuou, normalmente, como se nada de estranho tivesse ocorrido! Apenas eu e um amigo que estava presente achamos absurdo o ocorrido perante um ginásio de espectadores que normalizaram aquele “terraplanismo à moda rabentola”!

5. Nesse mesmo país, supostamente, na vigência de um estado de direito democrático, o Primeiro Ministro afirmara que “pedra ca ta djuga cu garrafa” e que existe diferença entre “fidjus de dentu e fidjus de fora” como forma de discriminar negativamente a oposição mas foi premiado pelo povo com uma retumbante vitória eleitoral com maioria qualificada!

6. Num país que vive da ajuda externa para financiar seu orçamento de funcionamento se dá ao luxo de fazer o governo mais gordo da sua história para os cidadãos contribuintes dos países estrangeiros pagarem, precisamente, no momento em que afirma que passa pelas maiores crises económicas e financeiras!

7. Nesse mesmo país, a Ministra da Administração Pública é capaz de se rebaixar ao nível do porteiro e recepcionista para reunir todo o Ministério e abordar questões operacionais como, recebimento de carta dos Correios, e, ir ao jornal e atacar alguém que requereu um direito legítimo mas ao mesmo tempo essa mesma ministra se considera incompetente para decidir sobre assunto de seu Ministério cuja delegação por nomeação ela mesma procedeu a um seu diretor! Quem consegue se rebaixar ao nível do porteiro não conseguiria se rebaixar ao nível de um diretor de serviço???!!!! kkkk

8. Nesse mesmo país que, supostamente, vive num estado democrático de direito com independência e separação dos poderes de soberania, o Presidente da Assembleia Nacional acumulou essa função incompatível com a de Presidente da Republica por substituição com a maior naturalidade possível!

No país dos “rabentolas”, por mais absurdo que possam parecer determinados fatos ou situações e outras até cómicas consta que quase 60% da sua população considera que o rumo do país está errado, 1/3 pessoas com carência alimentar,  mais da metade do eleitorado deixou de votar, o desemprego jovem se alastra, a dívida pública explode “mas ali que nos é bom” e nas próximas eleições “sem djobi pa lado” para mais terraplanismo e rabentolismo? Tem a palavra o sr. Povo!

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