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Educação na corda bamba
Colunista

Educação na corda bamba

O Ministério da Educação dará o tiro de misericórdia que falta ao cambaleado Governo de Ulisses se contribuir para os sindicatos e professores paralisarem as aulas e saírem às ruas nas vésperas de eleições decisivas para a sobrevivência política de Ulisses!

O novo ano letivo está a um passo e o Ministério da Educação tem um camião de desafios pesados e críticos a resolver por que os empurrou para debaixo do tapete mas as contas começam a ser apresentadas:

1.      Os professores dos ensinos básico e secundário reclamam há muito tempo que o Governo de Ulisses Correia e Silva não lhes deu nem um centavo de aumento durante esses oito anos da sua Legislatura e vão-lhe cobrar melhorias salariais;

2.      Considerando a inflação acumulada nesse período de 2016 a 2024, como não houve correção monetária (aumento salarial para repor o custo de vida), significa que essa classe profissional ficou mais pobre e com menos poder de compra uma vez que o valor nominal do salário recebido em 2016 não tem o mesmo poder efetivo de compra em 2024 por que foi corroído pela inflação acumulada no período na mesma proporção dessa inflação;

3.      Os mestres têm subsídios acumulados para cobrarem e receberem que totalizam milhares e milhares de escudos e, certamente, com os sucessivos fracassos negociais com o Ministério da tutela deverão intentar uma enxurrada de processos judicias, proximamente, cobrando seus legítimos direitos contra o Estado;

4.      Vários professores reclamam de discriminação no tratamento do Ministério da Educação nos processos pendentes de re-classificação, progressões e promoções por se sentiram preteridos;

5.      A qualidade no sistema educativo está em causa quando alunos que completam o 12º ano passaram a serem exigidos mais um ano de estudo preparatório para poderem ingressar nas universidades portuguesas e fazerem teste de português para ingresso nas universidades brasileiras;

6.      A Uni-CV que está sob o chapéu administrativo do Ministério da Educação continua com todas as suas contas bancárias penhoradas há mais de um ano por descumprimento de condenações judiciais;

7.      Professores do norte ao sul do país transformaram as ruas no último ano letivo em palco privilegiado para as suas reivindicações com manifestações e greves que contribuem para o aumento do descontentamento das famílias e dos estudantes contra o Ministério da Educação;

8.       Como estratégia para intimidar e conter as legítimas manifestações dos professores e dos sindicatos de classe que os representam, o Ministério da Educação inventou processos disciplinares seletivos contra alguns professores que, supostamente, deixaram de lançar notas de desempenho num sistema digital que nem regulamentado ainda está e nem o Ministério disponibiliza  dispositivos informáticos suficientes para se fazer esse novo trabalho e nem paga a internet para os professores que queiram usar seus próprios dispositivos para o efeito;

9.      Da última avaliação do Governo publicada pelo afrobarometer, o setor da educação figurava como uma das raras áreas da governação com uma nota positiva de 56% numa escala de 0 a 100%, relativamente, às lástimas no desempenho nos setores da economia, inflação, pobreza, criminalidade e desemprego cujas avaliações positivas situaram entre 07 a 30%!!!!

10.  O Governo enfraquecido resolveu peitar o Presidente da República como estratégia política, justamente, no momento que depende da promulgação dum diploma de plano de função, remuneração e carreira que poderia aliviar a tensão que mantém com os sindicatos e professores;

11.  Os sindicatos dos professores já prometeram para o início desde ano letivo uma série de lutas e que começarão por paralisarem o arranque do ano letivo, fato que, se ocorrer, vai causar um enorme caos social por atrapalhar a vida das crianças, adolescentes e jovens, seus pais e encarregados de educação e, indubitavelmente, gerará enormes constrangimentos e mais descontentamento social e político e o temor de Ulisses que é perder as próximas eleições autárquicas e legislativas!!!

12.  Os processos disciplinares contra os professores serão mais um motivo para incendiar as chamas do descontentamento acumulado dos professores e sindicatos nas vésperas das eleições perante um Governo sem soluções e injusto para com as suas reivindicações;

13.  O Governo de Ulisses tem a pior avaliação de desempenho que um governo espera ter nas vésperas das eleições: 60% dos eleitores afirmam que seu governo está no caminho errado, principais setores da governação têm avaliações negativas elevadas, o MpD tem perdido, em média, cerca de 20.000 votos de eleição em eleição desde 2016 e projeta-se uma derrota provável nas próximas autárquicas e legislativas, enquanto o eleitorado cresce em mais de 15.000 eleitores no mesmo período!

14.  O MpD teve menos votos nas legislativas de 2021 do que tivera em 2016, teve menos votos nas autárquicas de 2020 do que tivera nas autárquicas de 2016, o candidato apoiado pelo MpD foi derrotado pelo candidato apoiado pela oposição apenas seis meses após ter renovado o mandato, a última rodada do afrobarometer projeta a derrota ao MpD nas legislativas caso as eleições fossem realizadas naquela data, de 2016 a 2020, o MpD (e seus aliados) perdeu cerca de 30% das Câmaras Municipais que governava – despencou de 20 para 14 e seguindo o mesmo ritmo de queda  para 2024 poderá perder mais umas 5 CM!!!

O Ministério da Educação dará o tiro de misericórdia que falta ao cambaleado Governo de Ulisses se contribuir para os sindicatos e professores paralisarem as aulas e saírem às ruas nas vésperas de eleições decisivas para a sobrevivência política de Ulisses!

 

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