O país vai mal. Os discursos políticos não têm qualquer correspondência com a demanda popular, e muito menos com uma visão estratégica de desenvolvimento nacional, de médio e longo prazos. Aqui a roda é inventada no dia da viagem, e como um abismo chama outro abismo, para não variar, a governação de Ulisses Correia e Silva, o chefe do governo, está sendo uma maldição em todas as dimensões.
O assistencialismo é um palavrão pomposo que entre nós tem assumido significados – será significantes…? – consoante as subtilezas dos diferentes atores políticos, ou à medida das exigências do mercado onde vai ser vendido.
É assim que, num dia, distribuir cestas básicas e ajudas pecuniárias às famílias de baixa renda são definidas como exploração da pobreza alheia e utilização do dinheiro do Estado para condicionar a vida de pessoas com problemas de subsistência, numa palavra, assistencialismo, e no dia seguinte, essas mesmas ações assumem o estatuto de socorro aos mais necessitados, política social de inclusão, promoção do rendimento das famílias… numa acrobacia interpretativa e discursiva tão dramática e obtusa quanto abusiva e arbitrária.
Na verdade, aqui em Cabo Verde, isto de Estado Assistencialista ou Política Assistencialista do Estado tem sido objeto de recorrentes adulterações conceituais, promovidas e orientadas por homens e mulheres que se dizem defensores da nação, construtores do desenvolvimento nacional e promotores da cidadania, e que usam as prerrogativas que tais estatutos lhes conferem para atrapalhar o entendimento popular, embrutecer o conhecimento do povo, coisificando as massas sem qualquer responsabilidade ou apelo à sã consciência.
Cabo Verde é um país hipócrita, porque dirigido por políticos hipócritas. Aqui, grande parte de políticos e outros detentores de cargo público usa e abusa do conhecimento que diz ter, para condicionar e afrontar a verdade, num círculo de conspiração, canalhice e baixaria nojento.
Aqui a mentira circula de fato e gravata pelos gabinetes e corredores das instituições da República, com direito a audiências públicas suportadas com o suor de todos os cabo-verdianos, tendo como palco principal o próprio Parlamento.
O país vai mal. Os discursos políticos não têm qualquer correspondência com a demanda popular, e muito menos com uma visão estratégica de desenvolvimento nacional, de médio e longo prazos. Aqui a roda é inventada no dia da viagem, e como um abismo chama outro abismo, para não variar, a governação de Ulisses Correia e Silva, o chefe do governo, está sendo uma maldição em todas as dimensões.
Isto aqui está que nem no tempo do regime colonial fascista. Esse individuo não acerta uma! Nas campanhas de 2016 prometeu um governo pequeno, de apenas 12 membros, com sua cabeça incluída. É tão incompetente que nem numa questão tão básica como esta conseguiu acertar. Dois anos depois aumentaria o elenco para 20 membros, para logo a seguir alargar para 28, um número nunca antes imaginado neste país.
Um político que é incapaz de cumprir uma promessa rasteira dessa natureza, torna-se naturalmente ininputável em relação às demais promessas, como a segurança, os transportes, o agronegócio, a economia azul, a saúde, a educação, entre outras funções do Estado.
E isto está evidente, os cabo-verdanos já se aperceberam do embuste que o homem é, pois nota-se que as suas afirmações deixaram de fazer eco na alma do povo, que, já desenganado, não quer saber de mais nada que não seja, quando possível, a satisfação das suas necessidades mais básicas, sobretudo agora que o txapu na mon do Cadastro Social Único ou do Rendimento Social de Inclusão para as famílias acabaram por exponenciar a ditadura do estômago em relação às restantes demandas do corpo e da alma.
Os resultados nos eixos estratégicos do processo de desenvolvimento do país, designadamente os transportes, a segurança, a saúde, a educação, o setor produtivo (pescas, agricultura e pecuária) são simplesmente desastrosos. Nos transportes – seguramente o mais importante num país ilheu como nosso – o governo anda de tanga, praticamente nú e desprovido de qualquer poder sobre os privados que comandam o setor.
O novo contrato com a CVI diz tudo de um governo completamente capturado por interesses privados, e mostra que decididamente Ulisses Correia e Silva não aprende, pois, os islandes já lhe haviam cuspido na cara com a privatização dos TACV, debochando de toda uma nação sem qualquer sinal de respeito e consideração pela soberania nacional.
E é nesse estado de descrédito, letargia e total desacerto que o país e os cabo-verdianos se encontram: desapontados, humilhados, a viverem da mão para a boca, assistindo, impotentes, à amputação dos seus legitimos direitos de sonhar, de ambicionar uma vida digna, de herdar o futuro.
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