Colunista

Karl Barth, o maior Teólogo do século XX dizia: "Se Cristo está em nós a sociedade não está abandonada". Uma visão do evangelho que não se fecha num paradigma tipicamente religioso e eclesiástico. Ultrapassando o limite das portas da igreja. Postula argumentos inclusivos da fé e da espiritualidade genuína. Revelando o sentido pleno do evangelho, não como uma propriedade da igreja, e sim como a mensagem de restauração e emancipação de e para toda a sociedade.

Quando a igreja torna a mensagem do evangelho como uma propriedade exclusiva, o mundo se torna mais pobre e a sociedade se perpetua na miséria.

Uma das frases que ficou bem assente no panorama internacional: "O mundo não merecia este Papa". Respondeu um outro dizendo: "Quem pensa antes do tempo, sofre por isso". Conseguiu ultrapassar a linha entre o tradicional e o arcaico; numa perspetiva clara e menos elegante para alguns conservadores eclesiásticos. Um olhar mais pragmático e profundamente cristológico, despido de qualquer tipo de ostentação, numa visão de uma teologia social sem máscara ou redundância. Não se intimidou perante vários cenários menos positivos. Conseguiu colocar o "dedo" em questões que para alguns deveriam ser intocáveis.

A força comunicacional marca o currículo do Papa Francisco. Expressava como quem não queria engolir as palavras. Não deixava nenhuma expressão a cargo do eufemismo. Sabia dizer o que pretendia dizer.

A simplicidade marca o percurso do grande líder religioso. Dispensou vários privilégios, e por isso, sua mensagem passou de uma forma marcante. Quem fala precisa viver! Este foi um dos aspetos marcantes no percurso eclesiástico do Papa Francisco. Foi firme até ao fim e deixa um legado de uma das mais importantes lideranças do século XXI.