Quinto dia de relatos verídicos de pessoas devem que ainda podem “dar fé” de milagres reais feitos por Deus.
Persiste por aí uma ideia de que as pessoas só devem apelar a milagres quando a saúde está em causa ou quando têm falta de dinheiro. Aliás, uma narrativa muito alimentada pela “gospelândia”, que vende cura e prosperidade em troca de “investimento”. Mas não é.
A ajuda sobrenatural divina acontece em qualquer área, quando o humano atinge o seu limite e há um propósito divino para um coração desejoso. Jesus encontrou-se com uma mulher, estrangeira, que milagrosamente recebeu nova esperança. No encontro com um funcionário corrupto, o milagre foi a cura da desonestidade de Zaqueu.
Em 2016, fui ao Brasil cobrir os Jogos Olímpicos. Uma experiência maravilhosa, como a de 2006, no Mundial de Futebol da Alemanha, e a de 2004 nos Jogos Olímpicos da Grécia.
Na correria habitual de uma cobertura jornalística desse tipo de eventos, particularmente num país em que dois olhos são poucos ante tanta violência, um dia deixei, por esquecimento e descuido o microfone no autocarro, no trajecto entre o Centro de Imprensa e a Vila Olímpica. Ao tentar chegar à fala com um atleta antes dele entrar na área proibida aos jornalistas, só me lembrei do microfone ao passar no posto de controlo de segurança, mas o autocarro já tinha partido. A simpática voluntária consolou-me ao dizer que o Centro de Imprensa tinha um departamento para Perdidos e Achados.
Perder o microfone num tipo de cobertura como esta, com vários equipamentos e muitas coisas a acontecerem ao mesmo tempo, não é muito incomum, embora eu seja muito cuidadoso. Mas nesse caso, tendo em conta que fazia imagens e entrevistas, ao mesmo tempo, além de ser um bom microfone, tinha um cabo comprido que me permitia realizar o trabalho com mais facilidade. O microfone que me emprestou um colega, embora bom, tinha um cabo muito curto, o que complicava as coisas. De repente, senti muita limitação.
Na quinta, na sexta, no sábado e no domingo seguintes, ao chegar ao Centro de Imprensa pelas 8, 30 da manhã dirigi-me sempre ao local para saber se o microfone estava lá. Os voluntários já me conheciam e ao entrar iam directo ao depósito mas a resposta era a mesma: “nada”.
Suspendi a busca, mas continuava a enfrentar muitas dificuldades já que o cabo curto e o uso da lapela nem sempre se adaptavam a entrevistas feitas a correr ou quando os entrevistados são atletas, que, além do showzinho da praxe, têm outras solicitações. Decidi, então apelar, ao Criador, lembrando do que escreveu Tiago no seu livro sagrado: “Pedis e não recebeis porque pedis mal para gastardes em vossos deleites”.
Deus sabia que estava em causa o meu trabalho e não um deleite, por isso pedi claramente por saber que apenas Ele conhecia o lugar exacto onde estava o microfone. Acreditava que era a última e a única alterativa. Quando a humanidade falha, só o Divino.
Sem ir ao tal balcão de Perdidos e Achados por três dias, uma semana depois do ocorrido, ao descer as escadas, “ocorreu-me” a ideia de perguntar aos sempre prestativos voluntários onde podia comprar um cabo para microfone, logicamente maior do que aquele que tinha.
Enquanto uma das moças me sugeria que falasse com algum colega ligado à área técnica no edifício onde estavam instaladas as empresas de transmissão dos jogos, uma outra, de nome Danielle, aproximou-se e disse-me: “lá dentro há um microfone com o mesmo logo da sua camisa!!!”. Acto contínuo, uma outra que já me conhecia das visitas ao local, aproximou-se e exclamou “finalmente encontrou???!!!!"
Que outra justificação posso encontrar para este facto? Sorte, alguns podem dizer que sim, e respeito. Mas, para mim, é resposta a uma oração sincera, não devido aos meus lindos olhos, mas porque Deus é fiel em relação à Sua Palavra e Ele tem os seus propósitos. O trabalho, sem dúvida, ficou mais facilitado e senti a protecção do Papá.
O seu milagre, em qualquer área em que a capacidade humana chegue ao seu limite, está ao seu alcance.
Acredite se quiser, mas milagres acontecem ainda. Não deixe que a falta de fé, a religiosidade, o ateísmo, a tradição, as ondas, o saber, o afastem do seu milagre. Basta ter fé!
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