Zany Filomeno confessou hoje em audiência no Tribunal da Praia que mentiu durante o julgamento do caso “Voo da Águia” (2006) porque, disse, foi coagida pelas autoridades. Versão, aliás, que a própria havia apresentado em carta publicada anos atrás num jornal do país.
A famosa 'Baronesa da droga' fez esta declaração esta segunda-feira, 8, na Cidade da Praia, durante a Audiência Contraditória Preliminar (ACP) solicitada pela defesa de José Arlindo Varela Semedo (Zé Pote), que quer um despacho de pronúncia para que o processo que interpôs contra ela, por crimes de denúncia falsa, calúnia e difamação durante o seu depoimento no julgamento do processo “caso de droga no Sal” que o condenou a 19 anos de prisão, em Outubro de 2006 e arquivada em Julho deste ano pelo Ministério Público, vá a julgamento.
Respondendo ao advogado de Zé Pote, Zany Filomeno confirmou o que tinha admitido em carta publicada no jornal “A Nação” de que as declarações prestadas em julgamento “são falsas porque não correspondem à verdade” e que “prestou-as por ter sido induzida a fazê-las”. Na altura, a ex-Baronesa dirigira-se directamente ao ex-PGR, Julio Martins, e ao ex-director nacional da PJ e a terem "coagido" a denunciar Ze Pote & Cia., sendo que essa colaboração seria "paga" em redução de sua pena e protecção.
Perante este facto, fonte próxima do processo disse à Inforpress que os advogados de Zé Pote ficam à espera de um despacho de pronúncia, que deverá ser conhecido até a próxima sexta-feira, 12, para poderem delinear próximos passos, adiantando que, caso Zany Filomento for condenada, a defesa de Zé Pote pretende usar a sentença final para interpor um recurso extraordinário para anular a condenação deste.
Durante o julgamento deste caso, também conhecido por “Voo da Águia”, na ilha do Sal, as declarações de Zany Filomeno foram peças importantes no processo que levou à condenação de cinco arguidos, entre eles Zé Pote, acusados pelo Ministério Público de envolvimento no crime de tráfico de droga, associação criminosa e lavagem de capital.
O julgamento do caso “Voo de Águia” iniciou a 18 de Abril de 2006 e, para além dos 13 arguidos, foram também ouvidas 18 testemunhas, quatro das quais agentes da Polícia Judiciária (PJ).
Os 13 arguidos, homens e mulheres, foram acusados de tráfico de droga e associação criminosa.
Em Julho de 2004, a PJ deteve dez pessoas nos aeroportos de São Vicente e da Praia (sete no Mindelo e três na Praia) na posse de quantidades variáveis de droga que totalizaram 202 quilogramas.
Nalgumas malas contendo a cocaína foram encontrados pacotes com o carimbo de uma águia, daí a designação de “Operação Voo da Águia”.
Com Inforpress
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