A secretária-geral da União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde - Central Sindical (UNTC-CS), Joaquina Almeida, classificou hoje como um “retrocesso inaceitável” a proposta de revisão do Código Laboral, apresentada pelo Governo.
A mesma fonte apelou à mobilização da sociedade para travar o que considera ser um “ataque frontal” aos direitos dos trabalhadores.
A secretária-geral da UNTC-CS fez estas e outras declarações durante uma conferência de imprensa, onde alertou que esta será a quarta alteração ao Código Laboral desde 2007.
No entanto, segundo Joaquina Almeida, longe de representar avanços, a proposta configura uma “ofensiva silenciosa” contra conquistas históricas da classe trabalhadora cabo-verdiana.
“Estamos perante uma proposta que, apesar de ser apresentada como uma modernização ou flexibilização, traduz-se, na prática, num retrocesso em matérias cruciais como despedimentos, maternidade e precarização do trabalho”, afirmou.
A sindicalista destacou três pontos considerados “graves e lesivos”: a redução dos salários intercalares em casos de despedimento ilícito, a diminuição da licença de maternidade de 90 para 60 dias e a introdução do trabalho intermitente.
Joaquina Almeida considerou estas propostas como formas “encapotadas” de penalizar os trabalhadores e “normalizar a instabilidade laboral”.
“Esta proposta de redução dos salários intercalares, por exemplo, penaliza duplamente o trabalhador, que além de ser despedido ilegalmente, ainda é prejudicado pela morosidade da justiça, algo que está fora do seu controlo. Isso é inadmissível”, enfatizou.
Relativamente à licença de maternidade, a líder sindical alertou para um “ataque frontal aos direitos das mulheres”, considerando “escandaloso e inédito” que se retroceda de 90 para 60 dias, transferindo 30 dias para uma “negociação ambígua com o pai da criança”.
A secretária-geral da UNTC-CS também criticou o que descreveu como um enfraquecimento do diálogo social.
Segundo afirmou, a central sindical não foi ouvida durante a elaboração do anteprojecto, contrariando o espírito do Conselho da Concertação Social, que deveria assegurar o envolvimento dos parceiros sociais.
“Esta alteração ao Código foi feita dentro de gabinetes governamentais. Não fomos consultados. Fomos apenas informados depois de aprovado. Isso não é diálogo social. Isso é imposição”, acusou.
A proposta de lei será apresentada na próxima quinta-feira, 24, conforme anunciou a secretária-geral.
Informamos que, temporariamente, a funcionalidade de comentários foi desativada no nosso site.
Pedimos desculpa pelo incómodo e agradecemos a compreensão. Estamos a trabalhar para que esta funcionalidade seja reativada em breve.
A equipa do Santiago Magazine