Doze em 100 adolescentes dos 15 aos 19 anos de idade em Cabo Verde têm pelo menos um filho, conforme dados avançados hoje pelo presidente da Associação Cabo-verdiana de Protecção da Família (VerdeFam), Francisco Tavares.
O responsável, que falava em conferência de imprensa para anunciar a visita a Cabo Verde de uma delegação da Federação Internacional do Planeamento Familiar (IPPF), apontou a gravidez na adolescência e o aumento da prevalência do VIH-Sida como sendo os grandes desafios da saúde sexual e reprodutiva em Cabo Verde.
Francisco Tavares considera por isso que acções sejam desenvolvidas para inverter esse quadro que acaba por atrapalhar o percurso estudantil dos adolescentes e consequentemente a vida e o percurso profissional quando adultos.
“Ainda 12% das adolescentes dos 15 aos 19 anos já tiveram pelo menos um filho aos 19 anos. Esta não é a fase para se der filhos, é a fase para se estar a estudar para preparar o futuro. Portanto quando se tem filho quer dizer que teve relações sexuais não protegidas, que também coloca os adolescentes face às doenças sexualmente transmissíveis e à VIH”, notou.
Neste sentido, sublinhou que é preciso criar as condições para que também as adolescentes possam viver a sua fase de namoro, a sua vida sexual nesse período, mas sem riscos de engravidar.
“Temos que melhorar o planeamento familiar nessa fase e a forma de melhorá-lo é fazer os adolescentes praticarem sexo não protegido mais tarde”, disse, indicando que a VerdeFam tem feito um trabalho neste sentido.
Entretanto sublinhou que esta não é uma missão apenas da VerdeFam, pelo que defende que o Governo deve assumir uma missão pública e mobilizar não só a VerdeFam como também outras organizações não governamentais para trabalhar nesse segmento.
Para já defendeu que novas estratégias devem ser adoptadas entre a Escola e a Casa, que são os locais onde mais os adolescentes passam o seu tempo.
Outra situação que preocupa o presidente da VerdeFam tem que ver com o aumento da prevalência do VIH-Sida entre as mulheres, isto apesar da redução a nível do país.
“Nós temos que perguntar o que aconteceu. Antes da prevalência do VIH era superior entre os homens. Agora reduziu-se em Cabo Verde, mas é superior entre as mulheres e inclusive entre as mulheres aumentou. Portanto isto interpela qualquer Governo como interpela a nós enquanto ONG”, disse, precisando que actualmente a prevalência do HIV é de 0.6 a nível nacional, sendo 0.7 para as mulheres e 0.4 para os homens.
De 24 a 28 de Maio uma delegação da delegação da Federação Internacional do Planeamento Familiar (IPPF) integrada pela Presidente, Kate Gilmore, e pela directoa regional, Marie-Eveline Petrus-Barry, vai estar em Cabo Verde para uma visita de quatros dias para dialogar com a Governo a questão do reforço das politicas de promoção de saúde sexual e reprodutiva e do reforço das capacidades de advocacia da VerdeFam.
Criada há 70 anos, a IPPF é integrada por 120 membros autónomos e tem presença em 146 países do mundo. Foi fundada em 1952 em Bombaim, na Índia, por ocasião da III Conferência Internacional de Planeamento Familiar.
É considerada provedora global de serviços de saúde e uma das principais defensoras da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos para todos e desenvolve um trabalho de forma abrangente incluindo a questão da educação sexual, o fornecimento de contraceptivos, a questão do aborto seguro e cuidados maternos e respostas às crises humanitárias.
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