Decisão sobre recurso de Alex Saab só será conhecida sete dias após audiência de julgamento, prevista para dia 13 próximo
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Decisão sobre recurso de Alex Saab só será conhecida sete dias após audiência de julgamento, prevista para dia 13 próximo

A decisão sobre o recurso de Alex Saab, considerado testa-de-ferro de Nicolás Maduro, à decisão de extradição para os Estados Unidos deverá ser conhecida sete dias após a audiência de julgamento que acontece na sexta-feira, 13, disse hoje fonte oficial do Tribunal Constitucional.

Segundo essa fonte, a audiência pública de julgamento de sexta-feira será para alegações, em que as partes terão 15 minutos cada para expor as suas posições.

Depois disso, os juízes conselheiros do TC reúnem-se em privado, anunciando depois o prazo para tomada de uma decisão, que deverá acontecer sete dias após a audiência, ou seja, após 20 de agosto.

Os advogados de Alex Saab anunciaram nos últimos dias que o empresário colombiano e “enviado especial” da Venezuela, detido em Cabo Verde desde junho de 2020, não estará presente na audiência, algo que “dificulta um pouco a defesa”.

“Alex Saab encontra-se detido na ilha do Sal e não vai estar presente na audiência perante o Tribunal Constitucional, o que dificulta um pouco a defesa e o exercício do contraditório, que ele gostaria de estar presente e contrapor o tribunal”, afirmou anteriormente José Manuel Pinto Monteiro, advogado principal de defesa em Cabo Verde.

A audiência de sexta diz respeito ao processo de Fiscalização Concreta da Constitucionalidade, em que a defesa de Alex Saab recorre da decisão do Supremo Tribunal de Justiça, que em março autorizou a extradição pedida pelos Estados Unidos da América (EUA).

A sessão terá início pelas 09:00, na sala de audiências do Tribunal Constitucional, na Praia, ilha de Santiago.

Alex Saab, de 49 anos, foi detido em 12 de junho de 2020 pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, numa viagem para o Irão em representação da Venezuela, na qualidade de "enviado especial" e com passaporte diplomático.

O colombiano mostrou-se anteriormente confiante na decisão do Tribunal Constitucional sobre a extradição pedida pelos EUA, dizendo que o povo do arquipélago “é inocente” do seu “rapto”, afirmando que está detido ilegalmente há mais de 400 dias.

Através de uma “carta aberta ao povo cabo-verdiano”, o empresário diz que o Tribunal Constitucional “é respeitado em todo Cabo Verde”, esperando que os seus juízes tenham compreendido que os 12 pontos de inconstitucionalidades alegados pelos seus advogados “são todos com mérito e coerentes com a posição que não só nunca deveria ter sido preso”, como devia “ser libertado imediatamente”.

A sua detenção colocou Cabo Verde no centro de uma disputa entre o regime do Presidente Nicolás Maduro, na Venezuela, que alega as suas funções diplomáticas aquando da detenção, e a Presidência norte-americana, bem como irregularidades no mandado de captura internacional e no processo de detenção.

Washington pediu a sua extradição, acusando-o de branquear 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano, através do sistema financeiro norte-americano.

O Tribunal de Justiça da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ordenou em 15 de março a "libertação imediata" de Alex Saab, por violação dos direitos humanos, instando as autoridades cabo-verdianas a pararem a extradição para os EUA.

Contudo, dois dias depois, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a sua extradição para os EUA, rejeitando o recurso da defesa, decisão que não chegou a transitar em julgado, com o recurso da defesa para o Tribunal Constitucional, que aguarda decisão.

Alex Saab esteve em prisão preventiva até janeiro, quando passou ao regime de prisão domiciliária na ilha do Sal, sob fortes medidas de segurança.

A defesa explicou anteriormente que recorreu para o Tribunal Constitucional contra a segunda decisão do STJ, que autorizou a extradição para os EUA, alegando "inconstitucionalidades cometidas ao longo do processo e na aplicação de normas em matéria de aplicação de direito internacional", bem como a violação de regras da CEDEAO.

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