
O Cardeal Dom Arlindo Furtado afirma que é “normal e até uma dádiva divina” ver que os jovens reconhecem a importância da família e recomenda cumplicidade, escolhendo “casar cedo”.
Dom Arlindo Furtado considera que os jovens têm um “grande ideal de felicidade” que começou a partir da revolução de 1968 na França que teve antecedentes, mas que levou os jovens a assumirem a liberdade.
Prosseguiu que na altura viu-se que uma vida não pode ser anárquica, tendo ressaltado que uma vida anárquica não se estrutura, e o ser humano precisa de um certo ritual para organizar de modo a poder atingir objectivos.
“(…) Como os jovens querem ser felizes e não há felicidade sem família, mas não é aquela família que hoje existe e amanhã deixa de existir, ou seja, a garantia para uma felicidade estável e duradoura é também integrar-se numa família também estável, onde o amor circula”, especificou Cardeal.
Segundo o bispo de Santiago, é só em família que os momentos bons são vividos mais intensamente, as potencialidades são promovidas e desenvolvidas, através do incentivo do amor e da segurança de uma amizade sólida.
“Portanto, casar-se cedo não faz mal, porque jovens com faixa etária dos 18 a 20 anos, sobretudo aqueles que já têm a perspectiva de um trabalho, capazes de ganhar autonomia financeira para poder organizar a vida em família podem casar perfeitamente (…)”, defendeu.
“É necessário ver que o outro é tão digno quanto eu e que merece ser feliz e que será feliz com o meu contributo e vice-versa” para desenvolver a maturidade dentro do casamento e conseguir manté-lo, segundo ele, ou seja, tem que haver a reciprocidade no doar, e fazer a separação de egoísmo e entregar à causa da felicidade do outro.
Dom Arlindo Furtado recomeda a cumplicidade entre as pessoas, porque “o egoísmo individual continua a ser muito forte e é na doação mútua que felicidade acontece (…)”.
A Inforpress ouviu também um casal jovem, Erina e Edson Gonçalves, que casaram em 2018, ambos aos seus 23 anos de idade, tendo a jovem revelado que acredita que quando ambos têm objetivos em comum e pretendem passar o resto da vida juntos não há o porquê de não selar a união.
“Não digo que casei “cedo”, mas sim formei uma família de acordo com os requisitos bíblicos e sociais, facto que tem sido bastante ignorado”, aludiu, acrescentando que um dos maiores desafios a nível social para os jovens casados é saber lidar com os questionamentos que surgem à volta desta decisão, sublinhando ainda que muitos veem o casamento como um “fardo”.
Edson Gonçalves disse, por sua vez, que casou cedo por ter começado a seguir as palavras de Deus, e que a bíblia fala que Deus criou sexo/intimidade para serem desfrutados dentro de casamento.
“Muitas pessoas não sabem, mas casamento é aliança, é a coisa mais importante”, referiu, destacando que um dos maiores desafios é lidar com “a imaturidade, orgulho, egoísmo, falta de empatia e para ultrapassá-los”, adiantando que a comunicação é chave, assumir os erros e perdoar” disse, acrescentando que casamentos “fracassados” é onde tem ausência de Deus.
De acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o número anual de casamentos em Cabo Verde aumentou quase 225% desde 2006, para 2.337 em 2018, apontando uma tendência de crescimento nos últimos anos.
Os comentários publicados são da inteira responsabilidade do utilizador que os escreve. Para garantir um espaço saudável e transparente, é necessário estar identificado.
O Santiago Magazine é de todos, mas cada um deve assumir a responsabilidade pelo que partilha. Dê a sua opinião, mas dê também a cara.
Inicie sessão ou registe-se para comentar.
Comentários