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Capitão reformado diz que “cultura militar está ausente” no sistema castrense cabo-verdiano
Sociedade

Capitão reformado diz que “cultura militar está ausente” no sistema castrense cabo-verdiano

O Capitão-Enfermeiro reformado, Sebastião Dias, disse haver percepção da inexistência de uma educação e da cultura militar em todos os níveis no seio das Forças Armadas (FA) de Cabo Verde. Este afirmou ainda crer que não existe ocupação para os militares fora os serviços de sentinela e realçou que se confundiu muita coisa com a despartidarização das FA.

 “Cultura militar está ausente. Creio não existir ocupações, para além dos serviços de sentinelas. No meu tempo, havia uma massificação de actividades desportivas e culturais nos quartéis e o tempo era preenchido de manhã à noite, claro respeitando os horários de descanso”, relatou o Capitão reformado.

Numa publicação efectuada na rede social Facebook, Sebastião Dias recordou que no seu tempo havia grupos musicais e de teatro, jornais de parede, competições desportivas em todos os níveis e modalidades e eventos culturais com noites e música e concursos de canto.

“Creio que as actividades recreativas, bem como formações morais e patrióticas não constam dentro do sistema abrangente da formação dos soldados, praças, cabos, sargentos e, porque não, oficiais? Creio não haver um acompanhamento”, escreveu.

Sebastião Dias defendeu na sua publicação que a educação e cultura militares são capazes de mudar homens, independentemente da educação que levaram da vida civil e acrescentou que “as FA deverão ser escolas de virtudes, desde que haja programação neste sentido”.

“Estamos sem conteúdos programáticos capazes de garantir excelentes atitudes e comportamentos. As FA precisam de reformas nos conteúdos da sua programação de actividades, para que a vida dos militares nos quartéis sejam preenchidos com coisas de valores”, continuou.

O militar reformado disse ainda ser triste ver e ouvir “tantas coisas péssimas” de uma instituição, que tanto o povo ama.

“A educação cívica é muito importante neste momento. Com a despartidarização das FA, confundiram muitas coisas e muitas coisas deixaram de existir (...) O trabalho político no seio das FA é essencial e nunca devemos confundir o trabalho político com actividades partidárias. É urgente activar ou reactivar a educação e cultura militar no seio das nossas FA”, finalizou.

Recentemente dois vídeos de autoria desconhecida, supostamente gravados num dos quartéis das Forças Armadas de Cabo Verde (FA) denunciam situações de assédio, violação e estupro de soldados.

Um dos vídeos que circula na rede social facebook mostra dois soldados, fardados, a serem obrigados a “fazer sexo contra parede”, simulando relações sexuais com as suas parceiras.

Um outro vídeo mostra um outro soldado, agarrado pelos colegas, supostamente mais antigos, a ser estuprado com um cabo de vassoura.

As imagens, gravadas com conhecimento das vítimas, mostrando as suas caras de forma humilhante estão a provocar uma onda de indignação no seio dos internautas.

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