As autoridades cabo-verdianas anunciaram hoje a apreensão, no cais da cidade da Praia, de dois tubarões de uma espécie ameaçada de extinção, totalizando 500 quilos, que foram capturados por uma embarcação sem registo e sem licença de pesca.
Segundo o Ministério da Economia Marítima, a apreensão aconteceu na terça-feira, numa operação conjunta da Unidade de Inspeção e Garantia de Qualidade (UIGQ) e da Polícia Marítima (PM) no cais de pesca da Praia.
Na ocasião, foram apreendidos os dois tubarões de grande porte, com 500 quilogramas no total, da espécie Albafar (Hexanchus griseus).
A mesma fonte avançou que os inspetores da UIGQ e os agentes da PM procederam à identificação do pescador e do dono da embarcação, elaboraram o auto de apreensão e a abertura do processo de contraordenação.
"Apesar de não ser uma espécie presente na lista de proibições, esta apreensão é agravada por se ter detetado que os tubarões terão sido sujeitos ao corte das barbatanas (finning), prática proibida por lei", salientou o Governo cabo-verdiano em nota.
Esta semana, o Movimento Contra a Poluição de Cabo Verde (MCPCV) alertou para a captura deste tipo de tubarões, indicando que foram esquartejados, removidos as barbatanas e vendidos no Porto da Praia.
O movimento informou ainda que não se deve comer esta espécie marinha, devido à idade e à presença de metais pesados, sendo "facilmente identificável através de análises e é extremamente prejudicial à saúde".
O MCPCV referiu na sua página oficial no Facebook que o tubarão Albafar é uma das criaturas mais misteriosas do oceano e que a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) o tem na lista das espécies quase ameaçadas de extinção.
O tubarão-albafar pode atingir 8 metros de comprimento, às vezes mergulha aos 2.000 metros de profundidade e é possível que possam viver até 80 anos de idade, prosseguiu o MCPCV, que pretende a mudança da lei, fazendo com que a captura deste tipo de tubarão seja ilegal.
O mesmo grupo ambientalista refere que um estudo do Instituto Australiano de Ciências Marinhas mostra que um tubarão vivo pode valer quase dois milhões de dólares para o turismo.
O MCPCV é formado por várias organizações não-governamentais cabo-verdianas, pescadores e mergulhadores profissionais, pesquisadores, biólogos, entre outros ambientalistas nacionais e internacionais.
Com Lusa
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