Falta segurança para se continuar com as obras, mas também o projecto está a braços com trabalhos a mais e derrapagem orçamental quase dobro do previsto. De 23 mil contos iniciais o custo da obra vai para 40 mil contos.
O presidente do Instituto de Estradas (IE) considera que não é possível intervir mais, neste momento, no troço de estrada de Ribeira de Campanas por falta de condições de segurança para os trabalhadores e para os utentes em geral.
Segundo a Inforpress, Eduardo Lopes, presidente do Instituto de Estradas, que terminou sexta-feira uma visita de trabalho à ilha do Fogo, disse que a circulação e a manutenção estão asseguradas e que é necessário esperar pelas chuvas que, segundo o mesmo, provocarão a queda de mais materiais e a estabilização de taludes para uma segunda fase de intervenção.
Antecedentes. No dia 4 de Janeiro, um desabamento de rocha na Ribeira de Campanas de Baixo, no extremo norte do município de São Filipe, deixou esta localidade isolada do resto do território municipal e cortou a ligação com Mosteiros. 15 dias depois, ou seja, no dia 19 de Janeiro, foi restabelecida a ligação de forma condicionada e provisória.
Desde então, começaram os preparativos para o arranque dos trabalhos de recuperação desta via. Neste contexto, o Instituto de Estradas emitiu ordem ao empreiteiro, a 15 de Maio, para remoção de cerca de 23 mil metros cúbicos de materiais, reparação e execução de 91 metros cúbicos de muros
O orçamento para esta intervenção foi estimado em cerca de 23 mil contos, tendo sido acordado o prazo de dois meses para a execução dos trabalhos, que terminava a 15 de Julho.
Trabalhos a mais
Acontece, no entanto, que os trabalhos não ficaram concluídos na data acordada. A explicação para o atraso, segundo Eduardo Lopes, é porque surgiram imprevistos, tais como o aumento significativo de volume de terras a remover (mais 13 mil metros cúbicos, aumentando de 23 mil para cerca de 36 mil metros cúbicos de materiais a remover), assim como a quantidade de muros soterrados, revelou-se subestimado, passando assim dos 91 metros cúbicos inicialmente previsto para 263 metros cúbicos.
Outro condicionante foi a instabilidade do talude, com queda constante de materiais para o acesso provisório, obrigando a necessidade permanente de limpeza e normalização, numa acção associada a despreendimento imprevisto de blocos de pedra de grandes dimensões, em alguns casos, superiores a cinco toneladas.
Derrapagem orçamental em dobro
O presidente do IE disse que “aquilo que era possível nesta fase está feito”, observando que é necessário aguardar para o período de pós chuvas, que no seu dizer “certamente provocará queda de mais materiais para a conclusão dos trabalhos”.
Tudo isso provoca rombos no orçamento inicialmente previsto. Com efeito, Eduardo Lopes disse que é necessário actualizar os custos da intervenção em cerca de 16 mil contos, incluindo Imposto Único sobre Valor Acrescentado (IVA). Assim a reabilitação do troço ficará por cerca de 40 mil contos, quase do dobro do inicialmente previsto – que era no valor de 23 mil contos.
Além da estrada de Ribeira de Campanas, Eduardo Lopes aproveitou a sua estada na ilha do Vulcão, para visitar as estradas nacionais da ilha, assim como estradas municipais, e avistou-se com as autoridades locais.
Em relação às estradas nacionais, o presidente do IE mostra-se satisfeito com o estado em que se encontra, com excepção do troço Piquinho a Ribeira Filipe, que necessita de alguma intervenção.
No que toca à estrada Piorno a Campanas de Cima, que funcionará como uma saída via norte de Chã das Caldeiras, Eduardo Lopes disse que o mesmo está sendo objecto de estudos e vai ser incluído no rol de projectos a serem financiados pelo Banco Mundial.
Com Inforpress
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