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“YOUNG LOSERS”.  Assessoria de “refreshing” ao conceituado Governo de UCS
Ponto de Vista

“YOUNG LOSERS”.  Assessoria de “refreshing” ao conceituado Governo de UCS

Conhecendo a crença quotidiana do Governo actual de Cabo Verde de que o desenvolvimento ocorre pela magia da adoção do conceito, preferencialmente, “in english “, recomendo ao Primeiro-ministro, UCS, ou ao membro do Governo mais chegado ao moderno desenvolvimento pregoado, Olavo Correia ou Pedro Lopes, a perfilhação do “Young losers” como conceito-refresco a ser usado nos “oficial speeches” já que, pela não operacionalização, muitos conceitos que foram mimetizados, nestes oito anos da chique governação ventoinha, caíram-se em esterilidade discursiva.

Tivemos os mesmos investimentos. Frutos do suor da emigração e do trabalho da terra, ou, em alguns casos, da árdua faina do mar. Inicialmente, éramos iguais.  Eles, até, com mais vantagens do que eu.

Têm o mundo todo virtual e a um click da sua imaginação, contrariamente a mim e a minha geração. Têm tudo pronto para se servir.  Podem até ser chamados de “ready-made”.

Não sabem o que é quitoso. Pois, nasceram com água canalizada, em casa e na escola. Conhecem e usam gel-de-banho, para banho e charme.

Ainda mais com o ICCA a supervisionar o seu crescimento, não conhecem nem Piolhos e nem lêndeas. Muito menos ainda pulguinhas. Não é suposto.

Mas, somos diferentes. Bem diferentes. Diferentes naquilo que descompensa, marginaliza e cicatriza por toda a vida. Somos diferentes não porque sou da geração dos anos 70, adolescente e jovem dos anos 80/90 e eles a “Geração 2000”. Com os mesmos investimentos, eu enfrentei mais agruras, com pulgas, pulguinhas, mas eu sonhei e realizei. Tive o primeiro emprego, ainda muito jovem, sem formação, apenas habilitado com o “ex-sétimo ano” do liceu. Depois, tive o segundo emprego com Bacharel; o terceiro emprego com Licenciatura; o quarto emprego com Mestrado e o quinto, desempenhando até cargos, com o Doutoramento. É caso para se afirmar que, a medida em que se engenheirava e se implementava o desenvolvimento, em Cabo Verde e no mundo, eu tive a oportunidade de juntos crescer, pessoal e profissionalmente. Hoje, sou um adulto feliz. Um marido e pai. Um intelectual honrado, realizado e experiente, pelo trabalho.

Eles da “geração 2000” são os “young losers”. Apesar de tudo terem a um click, não possuem o essencial: trabalho e o sonho. Matou-se-lhes as expectativas. Foram vítimas de uma gestão esfrangalhada do país. Foram vítimas de um país governado para pedir esmola e esperar para que a cloaca da galinha liberte o ovo, vulgarmente, conhecido como “contar com o ovo no cu de galinha”. Contrariamente, vim da geração que pastoreava a galinha, controlava lhe o dedo na cloaca para ter o precioso ovo e garantir o rendimento. Afinal, fui na época um grande e empreendedor.

Em troca, de tudo que tiveram e eu não, servem-lhes o calvário da emigração. Fizemos deles, “a geração 2000”, jovens perdedores. Bonita e triste realidade para a geração que tudo tinha para dar certo. Com boa educação formal, formação superior, sem nunca dantes tão conseguida, não tiveram piolhos, pulgas, nem lêndeas e nem “pulguinhas”, mas não se realizam, não ganham experiências, porque não têm trabalho. Restam-lhes a emigração.

Sem desprimor para a emigração. Afinal, sempre somos frutos dela. Agora, de novo, como a melhor alternativa na caminhada dos jovens, como calvário de outrora, confirma e configura ser a sina do cabo-verdiano.

A emigração é a sina do cabo-verdiano de ontem e de hoje.

De ontem, sem habilitações, sem terra e sem chuva que foi trabalhar na CUF na LISNAVE e no JOTA PIMENTA e morar nas casernas. Mas, também a sina do cabo-verdiano de hoje, escolarizado e diplomado que vai à procura de oportunidades na Construção Civil e nos lares de Terceira Idade, em Portugal e na Europa.

É verdade que, hoje, os trovadores são outros, o emigrante tem outro perfil, mas a sina é a mesma. A história, da emigração no caso, repete-se como tragédia, mas com atores diferentes.

“Young losers” é o conceito que dá nome a realidade e fornece status a “geração 2000”. O conceito, em contradição, traduz, também, muito bem os 4Fs do que vem falando o Vice-primeiro Ministro. Receberam cuidados, supervisão (ICCA), orientação e formação (Escolas, IEFP e Universidades) como fim e não como meio. Diferentes de mim, receberam Diplomas como bagagem para emigração e não como instrumento, de transformação para o seu país.

Diferentes de mim, produto direto dos visionários da independência que fui procurar o Diploma e voltei repleto de expectativas que foram correspondidas.

Conhecendo a crença quotidiana do Governo actual de Cabo Verde de que o desenvolvimento ocorre pela magia da adoção do conceito, preferencialmente, “in english “, recomendo ao Primeiro-ministro, UCS, ou ao membro do Governo mais chegado ao moderno desenvolvimento pregoado, Olavo Correia ou Pedro Lopes, a perfilhação do “Young losers” como conceito-refresco a ser usado nos “oficial speeches” já que, pela não operacionalização, muitos conceitos que foram mimetizados, nestes oito anos da chique governação ventoinha, caíram-se em esterilidade discursiva.

Mas, … talvez não. Vejam bem! Melhor é não adotar, por enquanto se contrariar os 4Fs. Porque a moda, hoje, ela vai e vem e vira chique.  Em Cabo Verde, pelo eufemismo, já não existem perdedores. “Preta cabelo bedju k bendi pastel pa cumpra papel pa ka fica cima mi de ZEZE di Nha Reinalda, Dja torna bem. ka sta duedu mas. Sta chique. Ti imprendidorismu dja bira.

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Comentários

  • Raimundo Tavares, 28 de Jul de 2024

    Os maiores responsáveis pelos “young losers” são os sucessivos diretores gerais e responsáveis pelo ensino superior que não tiveram competencias para fazer com que os jovens sejam formados em áreas com empregabilidade no país e ou no estrangeiro.

    O que podem fazer em CV ou no estrangeiro os jovens formados em filosofia, sociologia, ciência política e quejandos, senão a construção civil e ou trabalhos domésticos?