Olhar critico de um cidadão atento em matéria da segurança interna - um exercício de cidadania e liberdade
De discurso à prática há muito que fazer, até que se concretize um programa consistente de prevenção social do crime à medida da realidade do país.
Há muita frustração em determinadas camadas sociais que vivem marginalizadas nas periferias, à mercê dos diversos factores de risco e das causas sociais do crime.
Discursos plagiados é o que não faltam para animar a malta, numa sociedade em que a violência baseada no gênero está a ganhar uma magnitude trágica, considerando as frequências de “feminicídios” registados nos últimos tempos.
A par disso, nota-se que os avultados investimentos feitos pelo Governo na área da segurança interna não têm surtido os efeitos pretendidos, devido a má gestão da segurança interna que está mais focalizada para a gestão corrente da tradicional burocracia interna da polícia do que para um policiamento pró-activo planeado, organizado, dirigido e controlado, de que tanto se fala e almeja.
Para além de um notório esgotamento do policiamento tradicional prevalecente, a superestrutura da polícia tem-se revelado incapaz de saber lidar com questões corriqueiras da gestão de conflitos internos, o que está a custar os olhos da cara para se tentar inverter a tendência da crescente desmotivação do Pessoal, agravada por um estilo de liderança autocrática radical que nos últimos tempos tem vindo a conduzir a rotina diária da gestão da segurança interna, marcada pela intimidação, silenciamento e cerceamento das vozes incómodas.
Para inverter esse ciclo vicioso de resultados aquém dos investimentos feitos e outros que estão por vir, há medidas inadiáveis a se tomar, sendo a mudança do Ministro da Administração Interna a mais candente. Eu digo isso sem nenhum receio, porque o desempenho desse Ministro não corresponde minimamente às expectativas, relativamente ao Governo da IX Legislatura, numa área em que há muito por fazer e muito já deveria ter sido feito nestes dois anos e meio.
Não se pode negar que o Ministro da Administração Interna era Director do Serviço de Informação da República, por conseguinte, braço direito ou seja homem de absoluta confiança do então Chefe do Governo. Igualmente, sabe-se que antes de ascender a esse cargo, ele esteve como Director Nacional Adjunto da PJ. Por conseguinte, esperava-se mais dele, certamente, considerando as informações privilegiadas de que ele, eventualmente, se dispunha, com relação à criminalidade e segurança interna.
Parafraseando um meu colega superintendente, “este Ministro pode oferecer navio na mar, não conseguirá conquistar a confiança dos polícias”. Efectivamente, apesar dos investimentos feitos pelo Governo, o Ministro não goza e não gozará da simpatia da maioria dos polícias, o que poderá comprometer os objectivos do próprio Governo a que pertence.
Não há comparação possível!...
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