Da “(in)substância” do Paulino Dias
Ponto de Vista

Da “(in)substância” do Paulino Dias

Paulino Dias escreve de cátedra, com alguma dose de arrogância para concluir com o que ele designa de factos, que o Governo não tem uma estratégia de apoio à exportação. Subtilmente faz uma ponte de 18 anos para mostrar que os governos são todos iguais. 

Devia ter o cuidado de primeiro entrar na realidade empresarial, contactar as empresas exportadoras e assim se pronunciar com mais conhecimento da realidade recente. 

O que parece cansativo é continuar a bater na mesma tecla do Fundo de Apoio à Internacionalização das Empresas que foi criado pelo governo anterior e nunca funcionou, em participações em feiras e apoios a empresários para viagens ao exterior, em promoções de exportações através das embaixadas. Tudo na base de uma ideia assistencialista do Estado.

Ignora o Paulino Dias que para haver exportações tem que existir empresas exportadoras, que se empenham na procura de mercados para os seus produtos e promovem e vendem os seus produtos nesses mercados. Não ficam à espera do Estado para fazerem viagens de negócios, participarem em feiras, promoverem os seus produtos. Essas empresas existem em Cabo Verde. E exportam e criam empregos. Muitas dessas empresas estão com projetos de expansão de atividade e de criação de empregos. Se quiser uma amostra desta realidade, contacte as empresas exportadoras em S. Vicente, de capital nacional e estrangeiro.

A estratégia para a exportação passa em primeiro lugar pela criação de um ambiente de negócios favorável em Cabo Verde para que as atuais empresas se desenvolvam e outras se instalem e exportem. É o que o Governo atual tem feito a nível da fiscalidade, do ecossistema de financiamento, da operacionalização do CIN e de um conjunto de medidas em curso para melhorar a burocracia, a eficiência energética e os transportes. 

Se Cabo Verde não for atrativo e competitivo para a atração e desenvolvimento de empresas, nacionais e estrangeiras, não há exportação. Esta é a base e é sobre ela que incide o maior esforço do Governo. 

Os bons empresários e investidores sabem mais do que o Governo como produzir e exportar. Precisam de condições favoráveis e de um governo parceiro. O esforço tem que ser conjugado principalmente por parte das associações empresariais e das câmaras de comércio. Introduzir motivações outras nessas relações pouco valor acrescenta aos verdadeiros atores do crescimento econômico, que são as empresas. Aliás, tende a criar valores negativos.

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