Coisas de Movimentos
Ponto de Vista

Coisas de Movimentos

O MpD, Movimento que nascera à pressa e que ainda não foi capaz de mudar de estatuto, quando se lhes mete algo na cabeça, mormente se o instrumento utilizado for slogans (têm muito expertise nesse campo) incutidos em regime de lavagem de cérebro, o automatismo é tal a ponto de passarem a acreditar, piamente, nas tretas que mecanicamente transmitem, dando a impressão que a robotização é mesmo completa. 

Infelizmente, como se não bastasse, teve ainda o azar de nascer sob o signo ventoinha, considerado areia em excesso para um camião de pequeno porte. Mas, por outro lado, como os gostos e paladares não se discutem, há quem considera essa nuance uma sorte. O problema é não se terem apartados a tempo dessa praga, o que já seria uma evolução positiva. O certo é que vai deixando no ar a ideia da sua preferência em permanecer ad aeternum a fazer soar o habitual som estridente, constituindo perigo de poluição local e nacional, e não só. 

Isso vem a propósito das cansativas balelas que se ouve da boca dos senhores do Movimento de forma sistemática e sem pingo de respeito pela memória das pessoas. Tudo, ao que parece, provocado pelo receio latente de as populações se lembrarem das peripécias que o MpD protagonizara no tempo em que decretara que o mês laboral passaria a ser de 40 dias (por vezes até mais do que isso!); quando sentenciaram que pedra e garrafa não jogavam; ou ainda quando os ventoinhas deliberaram, soberanamente, dividir os filhos da Nação em duas camadas distintas, ou seja, em filhos de dentro e filhos de fora. Os de fora tinham que se contentar com as migalhas do bolo! 

É vidente que o que fiz constar é apenas um simples “cheirinho” da histórica agrura que este bom povo sofrera nas mãos do Movimento na década de 90, na altura chefiado pelo, hoje, Digníssimo Embaixador de Cabo Verde nas terras do tio Sam. Terra onde muito recentemente nasceu, não por mero acaso, suponho, o grande amor do atual Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional que se dá pelo nome de SOFA. E é bom que se diga, em abono da verdade, que em termos de fabricação de agrura o atual PM parece ter ultrapassado, de longe, na corrida comparativa!! 

É óbvio que todo o cidadão atento (afinal constituímos um exército!) deverá ter percebido que os atuais membros da Task Force do MpD – uma nova vaga – estão incumbidos de bradar, até que a voz lhes doa, a palavra de ordem desta meia reta final, a contar já com a meta, que começou cedo demais para não variar e que vai no sentido de “vender” toda e qualquer ninharia desta legislatura, mesmo tratando-se de peixe dormido/suplesóde, como sendo o melhor dos mundos! 

Seria capaz de jurar que foi com base nessa nova estratagema – juraria também que não trás nada de novo! – que o Ministro que trata dos assuntos Orçamentais, ou quem por ele, terá dito, durante a sessão do debate Parlamentar, que o OGE para 2019 é o melhor Orçamento de todos os tempos (sinal de que houve falhas no trabalho de casa!), o que não deixa de ser caricato, porque, enquanto quase todos se queixam de que este Orça não dá garantias de desenvolvimento, para os ventoinhas, salvo raras exceções, este OGE é o maior que Cabo Verde jamais viu. Como se isso fosse possível! Vai daí, o coiso ganhou formato de slogan indo de encontro ao que o Movimento pretendia. 

Então não é que, pegando a deixa (a bandeira da estafeta), logo a seguir alguns dos tais dos Autarcas ventoinhas (uns três ou quatro, pelo menos), já foram a TCV conclamar os Orçamentos que já fizeram aprovar nas respetivas Assembleias como sendo os maiores de sempre que os respetivos Concelhos já deram à Luz!? Crente como sou, estarei inclinado a acreditar que os Orçamentos dos restantes Concelhos ventoinhados vão ser todos apresentados, quiçá sem exceção, como os melhores do mundo e arredores! 

Na sequência desta exposição, diria que aqueles que por distração ou porque não vivem intramuros, não tenham tomado conhecimento das anteriores mensagens natalícias dirigidas a este bom e pacífico povo por este Primeiro-ministro, seriam induzidos a pensar que esta mensagem de 2018, devido ao seu teor incipiente, é a primeira, e não terceira, que UCS apresenta. E, na minha opinião, na medida em que se esperava algo que fosse palpável, foi notório que o discurso de UCS não teve o efeito desejado. Julgo que não é por acaso que a JHA, líder do PAICV e da Oposição cabo-verdiana, deixou transparecer a sua estranheza nas considerações que fez, à respeito. 

Para separar as águas, a JHA que faz a revisão dos trabalhos de casa diariamente (faceta que está sempre latente nas suas tomadas de posição), apareceu, prontamente, a colocar pingos nos is que UCS deixou com as cabecinhas ao léu. Através dos quais, isto é, dos pingos, quem ignorava ou não sabia tomou conhecimento de que este Governo saído das eleições de 2016, não obstante tanta conversa não conseguiu apresentar nada de novo até esta data (os estragos do desmantelamento é que são enormes!), limitando-se a beneficiar dos resultados dos trabalhos desenvolvidos pelo Governo que o antecedeu. Como a líder do PAICV foi extremamente clara na desmontagem que fez do discurso de Ulisses Correia e Silva, escuso-me de debruçar sobre esse pormenor que é do conhecimento geral. 

Seria também capaz de acreditar que Ulisses Correia e Silva soube, de antemão, que o MpD que ele passara a liderar ainda não havia adquirido (e continua sem adquirir!) a capacidade, competência e seriedade política exigíveis para governar um País como o nosso, razão por que, lá no fundo, não acreditava na vitória sobre a Janira Hopffer Almada, a novel e politicamente possante líder do PAICV. Indo um pouco mais longe, diria que é provável que UCS teria chegado à essa triste conclusão logo após ter recebido a presidência do Movimento entre mãos. 

Nesta ordem de ideias, há quem pensa que as promessas e os compromissos assumidos por UCS nas campanhas eleitorais tinham como objetivo criar uma situação insustentável ao Governo do PAICV que saísses das eleições legislativas de março de 2016 – já contavam com uma quarta derrota consecutiva – a exemplo do que fizeram nas eleições de 2001 (gabaram depois da derrota de 14/janeiro que “perderam as eleições mas deixaram as coisas armadilhadas”), 

Curiosamente, e sem darem por isso, o tiro saiu os ventoinhas pela culatra: venceram e ficaram apavorados / desnorteados porque contavam com tudo, menos com a vitória. E assim, os planos de emergência; as promessas; os compromissos; as contas que gabavam estarem todas feitas e certinhas, ruíram como baralhos e os resultados são o que vê. Por último, a felicidade prometida aos cabo-verdianos pelo UCS resultaram em infelicidades, frustrações, tristezas e inconformidades. E as nossas população, numa espécie de contagem decrescente, esperam já com ansiedade ver chegar a hora de se pôr cobro à situação reinante. “Porque uma vez cascais e nunca mais”!!!

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