A Educação em Cabo Verde: Entre Desafios e Caminhos para o Futuro!
Ponto de Vista

A Educação em Cabo Verde: Entre Desafios e Caminhos para o Futuro!

A educação em Cabo Verde precisa de uma reforma profunda, mas bem pensada, longe de interesses políticos imediatos e centrada nas reais necessidades do país. Devemos construir uma escola que seja reflexo da nossa identidade, que valorize os seus profissionais, e que envolva toda a sociedade num verdadeiro pacto educativo nacional.

A educação é, indiscutivelmente, uma das bases fundamentais para o desenvolvimento de qualquer nação. Em Cabo Verde, muito tem sido feito ao longo dos anos para garantir o acesso à educação para tod@s. Contudo, persistem vários desafios estruturais, pedagógicos e sociais que precisam ser urgentemente enfrentados para que o sistema educativo seja verdadeiramente eficaz e transformador.

Um dos aspetos que merece atenção é a excessiva imitação de culturas estrangeiras, muitas vezes em detrimento dos valores e realidades cabo-verdianas. A escola deve ser um espaço de promoção da identidade nacional, valorizando a nossa história, cultura e línguas. Importar modelos sem a devida adaptação à nossa realidade contribui para um sistema educativo desconectado das necessidades locais.

Ainda no campo das práticas culturais, é necessário repensar o uso de redes sociais nas escolas, como o TikTok. Estas plataformas, embora tenham potencial educativo, estão a ser usadas de forma inadequada, afetando a concentração e disciplina dos alun@s. A sua proibição no espaço escolar, ou pelo menos uma regulação mais rígida, pode contribuir para um ambiente mais propício à aprendizagem.

Outro ponto crítico diz respeito aos manuais escolares e programas de ensino. É inadmissível que muitos destes sejam elaborados sem a devida participação d@s professores ou professoras — aqueles que conhecem, na prática, os desafios da sala de aula. Os docentes devem ser parte ativa na criação dos conteúdos, garantindo assim maior coerência e aplicabilidade no processo de ensino-aprendizagem.

A politização do ensino é outro problema sério. Reformas educativas são frequentemente guiadas por interesses partidários e não por diagnósticos reais ou necessidades pedagógicas. Temos assistido a inúmeras reformas, mas com poucos resultados visíveis. É necessário rever com seriedade esta prática e apostar em políticas educativas sustentáveis, com continuidade e avaliação rigorosa dos seus impactos.

A motivação d@s professores/professoras está em declínio. Muitos sentem-se desvalorizados, sobrecarregados e sem perspetivas de crescimento profissional. Este desgaste compromete a qualidade do ensino. Urge, por isso, implementar políticas que valorizem verdadeiramente o trabalho docente — com melhores condições laborais, formação contínua de qualidade e reconhecimento do mérito.

As condições físicas das escolas também deixam a desejar. Ainda existem salas de aula sobrelotadas e estabelecimentos mal equipados, o que compromete significativamente a eficácia do ensino e torna a tarefa dos docentes ainda mais difícil. É fundamental investir na infraestrutura das escolas, criando ambientes que favoreçam o ensino e a aprendizagem.

Por conseguinte, os agentes sociais, sobretudo as famílias, precisam de se envolver mais. Nota-se um certo distanciamento entre os encarregados de educação e a escola. O sucesso educativo é uma responsabilidade partilhada, e sem o apoio familiar, torna-se muito mais difícil garantir um bom percurso escolar para os alun@s. A título exemplificativo cito a zona de Monte Grande em relação aos estudos é um fenómeno muito interessante e valioso, especialmente em contextos onde a educação é uma ferramenta importante de mobilidade social. Este tipo de cultura escolar, onde os próprios alun@s se cobram uns aos outr@s e se interessam pelo desempenho académico, não é comum em todas as regiões, e há algumas razões: Cultura local consolidada, uma cultura que valoriza o sucesso escolar, o que acaba influenciando tanto alun@s quanto famílias. Ora, quando isso se torna um padrão social (ou até uma forma de staus), os alun@s se sentem pressionados positivamente a manter um bom desempenho. A pressão social entre colegas aí é positiva, o que é raro. Os alun@s sentem que não estudar, não transitar de classe ou reprovar traz algum tipo de desaprovação do grupo. Como reforço as associações de pais e encarregados de educação devem ser mais ativas, colaborando de forma construtiva com os estabelecimentos de ensino.

A educação em Cabo Verde precisa de uma reforma profunda, mas bem pensada, longe de interesses políticos imediatos e centrada nas reais necessidades do país. Devemos construir uma escola que seja reflexo da nossa identidade, que valorize os seus profissionais, e que envolva toda a sociedade num verdadeiro pacto educativo nacional.

 

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Comentários

  • Raimundo, 7 de Jun de 2025

    O sistema educativo bateu no fundo. Está refém de professores carreiristas, que dormem e acordam a pensar nos 91 contos dos contribuintes sacados por mês, sem fazerem nada. Cabo Verde é sabi pa cagá. Muitos desses profs entre os quais o pequeno cardoso, não sabem para eles quanto mais para ensinar aos outros.

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  • Xuxu Pé de Ferro, 7 de Jun de 2025

    Credo, se é com artigos moles desses que vamos superar desafios, nton mamai da-m nha papa moli tanbe, pamodi nha boka bedju dja ka tene denti.

    Responder


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