O bastonário da Ordem dos Engenheiros de Cabo Verde afirmou hoje que se existisse um plano diretor municipal podiam ter-se reduzido os danos da tempestade que provocou nove mortos e destruiu casas na ilha de São Vicente.
"Se houvesse um Plano Diretor Municipal, haveria regras para a construção de edifícios, e isso teria evitado parte do que aconteceu. Em parte, daria à Câmara Municipal uma ferramenta útil", afirmou Carlos Monteiro, citado pela Televisão de Cabo Verde (TCV).
O bastonário acrescentou que a instituição tem vindo a alertar, principalmente a Câmara Municipal da Praia e a Proteção Civil, para situações de risco, como as construções no bairro do Palmarejo, e considerou que o Estado também falhou ao autorizar habitações em leitos de ribeira.
Carlos Monteiro criticou ainda a pressa em executar projetos por motivos eleitorais.
"Quando as coisas são feitas rapidamente para mostrar resultados, algo importante falha. Se os planos fossem elaborados com cabeça, tronco e membros, tudo poderia ter corrido melhor", afirmou.
Segundo o Ministério das Infraestruturas, Ordenamento do Território e Habitação, a ilha de São Vicente é um dos três municípios do país, juntamente com Ribeira Grande de Santiago e Tarrafal de São Nicolau, que ainda não possuem um Plano Diretor Municipal.
As cheias que ocorreram há cerca de uma semana, deixaram bairros inundados, destruíram estradas, casas, pontes e estabelecimentos comerciais, afetaram o abastecimento de energia e provocaram nove mortos.
O ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, disse à Lusa que há ainda dois desaparecidos, incluindo uma mulher com perturbações mentais que não foi vista desde a tempestade.
O Governo declarou situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos dois concelhos de São Nicolau, aprovando um plano estratégico de resposta que prevê apoios de emergência às famílias e atividades económicas, incluindo linhas de crédito bonificado e verbas a fundo perdido.
As medidas serão financiadas pelo Fundo Nacional de Emergência e pelo Fundo Soberano de Emergência, criado em 2019 para responder a catástrofes naturais e choques externos.
Na sexta-feira, um navio da Marinha portuguesa atracou em São Vicente com 56 militares, equipamentos para remoção de escombros, uma dessalinizadora para o hospital, drones para recolha de imagens aéreas e equipas de mergulhadores para apoiar a população.
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A equipa do Santiago Magazine