José Maria Neves vai mediar crise política na Guiné-Bissau
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José Maria Neves vai mediar crise política na Guiné-Bissau

O presidente da Republica é um dos integrantes da comissão da CEDEAO criada para mediar o conflito na Guiné-Bissau, decorrente do golpe de Estado da última quarta-feira. Na Conferência de Chefes de Estado e de Governo, realizada ontem e na qual José Maria Neves participou, a CEDEAO condenou por unanimidade o golpe e a rutura da ordem constitucional e democrática em Bissau.

Conforme tivemos ocasião de anunciar na nossa edição de ontem, o golpe de Estado e a rutura constitucional na Guiné-Bissau, mereceram a condenação da Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Decorrente dessa reunião extraordinária (que decorreu por videoconferência), foi, ainda, anunciada a constituição de uma comissão de mediação - chefiada pelo presidente da CEDEAO e chefe de Estado da Serra Leoa, Julius Maada Bio - para encontrar uma solução negociada da crise política na Guiné-Bissau, integrando vários chefes de Estado, entre os quais o presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves.

A comissão integra, ainda, os chefes de Estado do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, e do Togo, Faure Gnassingbé.

“Ao mais alto nível, vai-se fazer o seguimento da situação e negociar com as autoridades guineenses no sentido de se encontrar uma solução para a saída imediata desta crise”, disse José Maria Neves a propósito da constituição da comissão de mediação da CEDEAO.

Nada fazia prever o golpe e a suspensão do processo eleitoral

Segundo o presidente da República, “as eleições correram normalmente, os atores políticos puderam fazer a sua campanha eleitoral, a Comissão Nacional de Eleições também funcionou, com a participação de todos os atores, e nada fazia prever a suspensão do processo eleitoral por via de um golpe”, causando, por tal, estranheza.

“A CEDEAO defende os princípios da paz, da boa governação e da solução negociada dos conflitos, e esperamos que esta comissão, que integra chefes de Estado, possa ter condições para trabalhar com todas as partes, para se resolver o mais rápido possível esta crise”, disse o chefe de Estado de Cabo Verde.

Há uma nova realidade no terreno

Cauteloso nas suas declarações, José Maria Neves destacou que “é preciso negociar com as novas autoridades, há uma nova realidade no terreno, temos que ter isto em conta, e é preciso abrir canais para a discussão e reconsideração de alguns aspetos, de modo a que, primeiro, seja restaurada a ordem constitucional, sejam libertos todos os detidos e, também, que haja condições para se garantir a integridade do processo eleitoral”.

Ainda segundo o presidente da República, é necessário enfocar nos factos, não dispersando na análise de outros aspetos, ou fazer outras considerações.

“Temos que ver os factos, há um golpe, há a suspensão da ordem democrática e há a suspensão do processo eleitoral que estava a decorrer, do ponto de vista cívico e do ponto de vista político, da melhor maneira. Temos de trabalhar de acordo com a realidade que temos, não temos que analisar outros aspetos ou fazer outras considerações. Temos uma realidade no terreno e trabalhamos com os dados que temos disponíveis”, sublinhou José Maria Neves

Foto: PR

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