Política

A anterior presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina, Jassira Monteiro, foi este sábado, 29, eleita presidente da Associação das Mulheres Democratas (AMD), no decurso da assembleia geral da associação, que aconteceu presencial e virtualmente.

Candidata única, a líder eleita, tradutora de profissão, arrecadou 95 porcento (%) dos votos expressos e sucede a Filomena Gonçalves à frente da AMD.

É o regresso de Jassira Monteiro à política, após um período de silêncio de mais de um ano, quando foi preterida por Ulisses Correia e Silva como candidata à autarquia de Assomada.

Engolindo em seco cada afronta e afirmando-se como reserva do futuro

Apesar de ter sido, por várias vezes, destratada pela atual liderança e pelo setor extremista do Movimento para a Democracia (MpD) – tendo sido mesmo acusada de “traidora e de se ter “passado para o PAICV” -, Jassira manteve-se sempre fiel ao partido, engolindo em seco cada afronta e afirmando-se, com a discrição que se lhe reconhece, como reserva para o futuro. É que, as lideranças vão e veem, mas as convicções ficam…

Em vésperas de eleições legislativas, os que antes torpedearam Jassira, lhe fizeram a vida difícil e sabotaram a sua liderança à frente da Câmara Municipal de Santa Catarina, precisam agora de todos os ativos do partido para tentar renovar a governação do MpD. E Jassira Monteiro é um nome a ter em conta em cada combate político, principalmente em Santiago Norte.

De novo, na linha da frente

É por isso que, após uma travessia do deserto de mais de um ano, em que chegou a ser difamada e abandonada pela liderança do MpD, Jassira está, de novo, na linha da frente, não como vítima seja do que for, mas como sobrevivente.

Representando o MpD, Janine Lélis, foi o rosto da direção do partido na assembleia eletiva, onde, além da nova presidente da Direção, foram eleitas as presidentes da Assembleia Geral, do Conselho Fiscal e do Conselho Político Nacional.

Do ativismo social a presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina

Jassira Maria Veiga Monteiro é natural e residente na localidade de Nhagar, Santa Catarina. Tem nacionalidade cabo-verdiana e portuguesa, dominando as línguas portuguesa, francesa, inglesa e crioula.

Em 2006, concluiu em Portugal a licenciatura de Tradutora e Intérprete na Universidade Autónoma de Lisboa, com especialidade em Estudos Linguísticos, línguas portuguesa, inglesa e francesa, dimensão cultural francesa e inglesa, tradução e seus mecanismos, tradução especializada, tradução e intertextualidade, mas também especializações em Informática e Introdução ao Direito.

Quando residente em Portugal, foi ativista social e técnica do - entretanto extinto - Alto Comissariado para as Migrações e Minorias Étnicas (ACIME), exercendo funções no Gabinete de Apoio ao Emprego onde dinamizou o Workshop sobre “Técnicas de Procura de Emprego” e estabeleceu contactos com entidades empregadoras para angariação de ofertas de trabalho e colocação dos utentes.

Ainda no ACIME, exerceu funções no Gabinete de Apoio e Triagem onde efetuou a seleção de processos e encaminhamento de cidadãos imigrantes para pedidos de renovação de autorização de residência e de nacionalidade.

Ainda no âmbito do ACIME, efetuou atividades no terreno, junto das comunidades, e ações de formação sobre a temática da imigração em instituições de ensino.

Regressada a Cabo Verde, exerceu as funções de Comercial Corporate numa operadora de comunicações.

Eleita vereadora nas eleições autárquicas de 2016, foi responsável pelo Pelouro da Cultura, Género, Comunicação e Imagem. E, nas eleições autárquicas 2020, foi número dois da lista vencedora do MpD à Câmara Municipal de Santa Catarina, liderada por José Alves Fernandes (Beto Alves).

Após falecimento de Beto Alves, foi presidente da autarquia até 2024, sendo, na ocasião, a única mulher a exercer as funções de presidente de câmara em Cabo Verde.

Atualmente é assessora no Ministério das Comunidades.