O ano lectivo arranca oficialmente hoje, 17 de Setembro. O PAICV Santiago Norte regista falta de manuais escolares, perseguição aos professores, com sonegação de horário de trabalho, e ausência de concurso para recrutamento de novos docentes, ficando os alunos com falta de professores nesta fase incial do ano lectivo. Pelo meio, o partido africano pede ao governo que aumente os kits escolares, tendo em conta a situação das famílias rurais, que considera como sendo uma autêntica "calamidade social", vítima da seca, e da degradação humana e ambiental.
"O PAICV, através da Comissão Política Regional de Santiago Norte, procura a imprensa para partilhar com a população da Região de Santiago Norte a sua preocupação em relação ao ano letivo 2018/2019 que vai iniciar hoje, trazendo para a consideração colectiva os constrangimentos e desafios que a comunidade educativa enfrenta nesta que é uma das maiores regiões políticas do país.
Em primeiro lugar, queríamos trazer a questão dos manuais escolares. O ano lectivo está a começar sem os manuais escolares. É uma situação grave e inadmissível, sobretudo porque uma instituição que tem a grande responsabilidade de formar homens e mulheres tem que ser, antes, merecedora de confiança, o que só é possível quando se trabalha com objectivos e com responsabilidades. Não se pode e nem se deve admitir que se iniciem aulas sem os manuais escolares. Há todo um acervo de funcionários públicos, pagos por todos os cabo-verdianos para fazer este trabalho, a começar pela Ministra da Educação.
Tão grave quanto a falta dos manuais é o facto de o Ministério da Educação não ter sequer uma data que estes possam estar disponíveis. Mesmo os poucos manuais que restaram do ano anterior já estão esgotados em várias livrarias da Região.
Mas o descaso não fica por aqui. O ano lectivo já começa e até este momento, o Ministério da Educação não se dignou lançar o concurso para o recrutamento dos professores. Tendo em conta os prazos e toda a carga burocrática que os concursos enfrentam em Cabo Verde, a nossa questão é: o que esteve o Ministério da Educação a fazer este tempo todo que não abriu o táo esperado concurso, deixando assim centenas de estudantes sem professores e com grandes prejuízos num período tão importante do calendário escolar.
E como um mal chama outro mal e assim por diante, registamos várias situações de perseguição política a professores, em diferentes escolas da Região. Por exemplo, não foram atribuídos horários a vários professores, sem qualquer justificação ou cavaco. Enquanto isso, as direções escolares e as delegações atribuem estes mesmos horários a professores cooptados em outras escolas, sem qualquer respeito ou consideração para os profissionais competentes e capazes, entretanto, empurrados para a marginalidade e o desprezo.
A situação social no mundo rural é dramática. Certamente por isso, o governo anunciou que irá aumentar a distribuição de kits escolares para este ano letivo, abrangendo 20 mil alunos. Entendemos, no entanto, que o governo a aumentar um pouco mais número de beneficiários face a situação difícil pelo qual passam as famílias na nossa Região agrícola, a braços com falta de rendimentos. É certo que o MpD fez campanha contra a atribuição de apoios sociais, por considerar que é uma forma de condicionar a pobreza das pessoas, mas entendemos que agora que está no poder, deve perceber que socorrer pessoas em momentos de crise é o melhor que um governo pode fazer, num país onde o desemprego é uma calamidade social, e a dependência das famílias, sobretudo as do meio rural, em relação a uma simples refeição ou a outros bens básicos com educar os filhos, não é contos de fadas, é realidade nua e crua.
O PAICV Santiago Norte está apreensivo face a estes sinais nada animadores, neste início do ano letivo e junta a sua voz às famílias, estudantes, professores e comunidade educativa dos seis concelhos que compõem a Região de Santiago Norte, para pedir ao governo que ponha as mãos na consciência e coloque os pés no chão, de forma a responder com responsabilidades ao grito social de milhares de famílias em situação de vulnerabilidade extrema".
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