Política

Na ilha Brava, prosseguindo a “Presidência na Ilha”, a ronda de contactos com as populações do arquipélago e a diáspora que tem levado o presidente a uma maior proximidade com as pessoas, José Maria Neves teve um encontro com empresários - um momento de auscultação sobre os problemas que sufocam a economia local e provocam o abandono da população.

Na tarde desta sexta-feira, 28, no Salão Nobre do Paços do Concelho, os empresários foram unânimes em apontar a precária ligação marítima, sobretudo o transporte de cargas, como o principal entrave ao desenvolvimento. Aliás, uma queixa antiga que, pesem as reiteradas promessas, não há meio de ser resolvida.

Rutura de stocks de bens essenciais

​A Brava enfrenta, de momento, uma grave situação de rutura de stocks de bens essenciais, com grande destaque para a água mineral. Segundo os empresários, desde agosto que não há reposição de stocks, e o barco chegado à ilha na última quarta-feira, 26, não trouxe mantimentos suficientes.

Foram reiterados os pedidos ao presidente da República para que exerça a sua magistratura de influência junto do Governo, para que se encontrem soluções definitivas para o problema.

No entanto, o sentimento dominante parece ser a desesperança, já que as reiteradas promessas do poder central parecem não convencer mais ninguém, como é o caso do anúncio do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, de lançamento de um concurso público para a aquisição de um barco para fazer as ligações Brava/Fogo/Brava.

Efetivamente, o anúncio feito a 12 deste mês, precisamente um dia após o presidente da Câmara Municipal da Brava ter manifestado a sua indignação pelo isolamento da ilha, já não convence as pessoas.

Resolver o problema dos transportes é o grande desafio ao desenvolvimento de uma ilha que, apesar de ser a mais pequena das nove habitadas, possui enorme potencial em áreas como ecoturismo, turismo rural, agronegócio e pecuária.

Falta de água e de transportes impedem desenvolvimento da agricultura

Antes do encontro com empresários, o presidente da República teve ocasião de visitar duas grandes propriedades agrícolas de Nova Sintra, dos produtores Luís Mendes e Nelson Tavares (Maçanzinho), que apontaram a escassez de água como o maior entrave à sua atividade, resultando já em prejuízos superiores a mil contos.

E, não fugindo ao problema maior da ilha, está a carência de transportes marítimos, um obstáculo à exportação regular de produtos agrícolas para outras ilhas.

Problemas de logística e falta de água são, segundo os produtores, as razões maiores que têm levado os jovens a abandonar a agricultura e a aventurarem-se à emigração.

Fotos: PR