O sistema tenta “impedir as pessoas de acreditarem em tretas sobre o mundo”. Começou a ser testado no Reino Unido, pelo jornal The Guardian.
Os jornalistas vão contar com um novo aliado – sob a forma de algoritmo que usa inteligência artificial – contra informação enganadora. A tecnologia vai fazer verificação automática de factos a partir de Outubro. Os primeiros testes estão a ser realizados no Reino Unido, com o Guardian a experimentar uma versão inicial do programa esta semana.
O sistema, desenvolvido pela organização independente Full Fact, tem a missão de “impedir as pessoas de acreditarem em tretas sobre o mundo”: para tal, monitoriza afirmações feitas por políticos em canais de informação noticiosa, e avalia a sua veracidade através de bases de dados já verificadas. Para travar a disseminação de informação falsa, o programa segue "tendências" de erros. Ou seja, regista quem transmite informação incorrecta numa base de dados para perceber a origem do problema e se há órgãos noticiosos a repeti-lo sistematicamente.
Não é fácil. Para já, a verificação automática do Full Fact baseia-se em números. “O programa serve para verificar imediatamente factos simples como ‘a população no Reino Unido é de 65 milhões’. É claro que frases como ‘estamos no meio de uma crise financeira’ vão sempre ser mais difíceis”, explica a gestora de projectos da Full Fact, Mevan Babakar, ao PÚBLICO. Ou seja, o sistema de linguagem natural permite detectar o aparecimento de informação nova pelos políticos, mas ainda não a interpreta. “O termo ‘crise’ é um bom exemplo de linguagem subjectiva. A minha crise pode ser muito mais pequena que a crise de outra pessoa", acrescenta Babakar.
O projecto conta com um apoio no valor de cerca de 425 mil euros do fundador do eBay, Pierre Omidyar, do filantropo húngaro George Soros, e do fundo Google Digital News Initiative (que contribuiu com cerca de 50 mil euros em Novembro de 2016). Em 2014, o criador do eBay também financiou o lançamento do site Intercept, dirigido por Gleen Greenwald, o jornalista conhecido por revelado a informação secreta obtida por Edward Snowden.
Para a equipa da Full Fact, o termo “fake news” (notícias falsas) tem de deixar de ser usado como uma arma entre políticos e jornalistas, especialmente porque engloba uma multitude de coisas (desde notícias com pequenas incorrecções, a sátiras, a artigos completamente fabricados). A solução é disponibilizar uma verificação de dados, rápida, para que os jornalistas possam confrontar os dados dos políticos em tempo real, enquanto uma entrevista ainda está a decorrer, ou uma notícia ainda está a ser actualizada.
Muitas vezes o problema é a origem dos dados. Por exemplo, dizer que o crime diminuiu 10% num dado período é diferente se o cálculo for feito com base no número de crimes registados pela polícia, ou com base em inquéritos em que se pergunta aos habitantes se foram vítimas de crimes.
Quando a informação não pode ser validada através de uma base de dados, é transmitida para que uma equipa humana investigue. “Já podemos criar programas que são muito bons a ver números, mas ainda não são melhores a interpretar a linguagem nas suas várias formas, como um ser humano consegue”, diz Babakar.
Depois de ser lançado no Reino Unido, o programa deve ser distribuído na Argentina e em países do continente africano, como a Nigéria e a África do Sul, onde a Full Fact tem parcerias (por exemplo, com as organizações de verificação de factos Chequeado e AfricaCheck). Além do inglês, a empresa quer tentar adaptar o programa à língua espanhola.
Fonte: Jornal Público
Software para detectar mentiras de políticos começa a ser testado no Reino Unido
O sistema tem a missão de “impedir as pessoas de acreditarem em tretas sobre o mundo”.
Os jornalistas vão contar com um novo aliado – sob a forma de algoritmo que usa inteligência artificial – contra informação enganadora. A tecnologia vai fazer verificação automática de factos a partir de Outubro. Os primeiros testes estão a ser realizados no Reino Unido, com o Guardian a experimentar uma versão inicial do programa esta semana.
O sistema, desenvolvido pela organização independente Full Fact, tem a missão de “impedir as pessoas de acreditarem em tretas sobre o mundo”: para tal, monitoriza afirmações feitas por políticos em canais de informação noticiosa, e avalia a sua veracidade através de bases de dados já verificadas. Para travar a disseminação de informação falsa, o programa segue "tendências" de erros. Ou seja, regista quem transmite informação incorrecta numa base de dados para perceber a origem do problema e se há órgãos noticiosos a repeti-lo sistematicamente.
Não é fácil. Para já, a verificação automática do Full Fact baseia-se em números. “O programa serve para verificar imediatamente factos simples como ‘a população no Reino Unido é de 65 milhões’. É claro que frases como ‘estamos no meio de uma crise financeira’ vão sempre ser mais difíceis”, explica a gestora de projectos da Full Fact, Mevan Babakar, ao PÚBLICO. Ou seja, o sistema de linguagem natural permite detectar o aparecimento de informação nova pelos políticos, mas ainda não a interpreta. “O termo ‘crise’ é um bom exemplo de linguagem subjectiva. A minha crise pode ser muito mais pequena que a crise de outra pessoa", acrescenta Babakar.
O projecto conta com um apoio no valor de cerca de 425 mil euros do fundador do eBay, Pierre Omidyar, do filantropo húngaro George Soros, e do fundo Google Digital News Initiative (que contribuiu com cerca de 50 mil euros em Novembro de 2016). Em 2014, o criador do eBay também financiou o lançamento do site Intercept, dirigido por Gleen Greenwald, o jornalista conhecido por revelado a informação secreta obtida por Edward Snowden.
Para a equipa da Full Fact, o termo “fake news” (notícias falsas) tem de deixar de ser usado como uma arma entre políticos e jornalistas, especialmente porque engloba uma multitude de coisas (desde notícias com pequenas incorrecções, a sátiras, a artigos completamente fabricados). A solução é disponibilizar uma verificação de dados, rápida, para que os jornalistas possam confrontar os dados dos políticos em tempo real, enquanto uma entrevista ainda está a decorrer, ou uma notícia ainda está a ser actualizada.
Muitas vezes o problema é a origem dos dados. Por exemplo, dizer que o crime diminuiu 10% num dado período é diferente se o cálculo for feito com base no número de crimes registados pela polícia, ou com base em inquéritos em que se pergunta aos habitantes se foram vítimas de crimes.
Quando a informação não pode ser validada através de uma base de dados, é transmitida para que uma equipa humana investigue. “Já podemos criar programas que são muito bons a ver números, mas ainda não são melhores a interpretar a linguagem nas suas várias formas, como um ser humano consegue”, diz Babakar.
Depois de ser lançado no Reino Unido, o programa deve ser distribuído na Argentina e em países do continente africano, como a Nigéria e a África do Sul, onde a Full Fact tem parcerias (por exemplo, com as organizações de verificação de factos Chequeado e AfricaCheck). Além do inglês, a empresa quer tentar adaptar o programa à língua espanhola.
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