Comunicado do Governo, enviado esta tarde às redacções, não refere uma linha ao post do primeiro-ministro israelita. O Executivo apenas reforça o estreitamento das relações entre Cabo Verde e aquele país do Médio Oriente, lançando farpas ao PAICV.
“Tem sido publicado nas redes sociais um conjunto de especulações sobre uma pretensa intenção do Governo de Cabo Verde de se desvincular dos princípios básicos que norteiam a relação entre os povos, designadamente o reconhecimento do direito à autodeterminação e, ainda, de estar a distanciar-se das resoluções legitimamente adotadas pelas Nações Unidas. Tem tudo isso a ver com a já proclamada intenção do Governo de Cabo Verde de estreitar os laços de cooperação com o Estado de Israel”, introduz a nota do Gabinete de Comunicação e Imagem do Governo, antes de considerar que “as coléricas especulações que ora circulam não constituem actos isolados e nem decorrem de exteriorizações ou arrebatamentos intempestivos de quem esteja indignado com uma situação particular”.
No entender do Governo, “essas especulações” são “reveladoras de uma estratégia dissimulada e reveladora da forma como o PAICV decidiu exercer a oposição democrática, com recurso a escribas de serviço, uns absolutamente irreflectidos e inconsistentes, outros, mais subtis e ardilosos, tentando conferir credibilidade aos seus argumentos com recurso a um pretenso conhecimento de meandros devido as altas funções que desempenharam no passado”, chegando ao ponto de chamar os críticos de "desavisados e boiadas de serviço".
O Executivo esclarece, então, que Cabo Verde continua sendo “um protagonista activo e útil do sistema das Nações Unidas e tem desempenhado um papel importante no concerto das nações, na aproximação dos povos e na luta pela paz e prosperidade em todo o mundo”, propugnando por relações diversificadas e baseadas nos princípios dansoberania, do respeito mútuo, da coexistência pacífica das nações e da resolução pacífica dos conflitos”.
No cado concreto de Israel, o Governo afirma que o estreitamento dos laços de cooperação com aquele país do Médio Oriente “não tem correlação e tampouco implica qualquer desvinculação dos valores éticos que norteiam a coexistência pacífica dos povos onde, naturalmente, se inserem os direitos inalienáveis à paz, à autodeterminação e à Prosperidade”.
“A pretensão do Governo circunscreve-se estritamente a uma intransigente defesa dos interesses de Cabo Verde e dos cabo-verdianos por via de uma procura transparente, objectiva e pragmática de novas hastes”, prossegue a nota, que lembra que no passado, esse mesmo pragmatismo norteou os primeiros governos do Cabo Verde independente a manter, em defesa dos interesses da Ilha do Sal e de Cabo Verde, relações económicas com a África do Sul, não obstante um embargo de toda a comunidade internacional.
Alguns escribas, então dirigentes de cúpula do partido no poder, estarão seguramente lembrados que Cabo Verde foi o único pais de África a permitir a escala dos aviões da companhia aérea sul-africana, SAA. Os interesses de Cabo Verde em primeiro lugar”.
Convicto da sua nova política externa, o Executivo aproveita para anunciar a nomeação, em breve, de um embaixador não-residente em Israel. “O Governo de Cabo Verde irá continuar a trabalhar para desenvolver e consolidar as relações de cooperação e de amizade com o Estado de Israel e brevemente designará um Embaixador não residente naquele país do Médio Oriente. Os interesses de Cabo Verde sempre em primeiro lugar. O Governo de Cabo Verde não se desviará um milímetro sequer da sua opção pragmática e objectiva da nova diplomacia que quer, com audácia, determinação e responsabilidade, desenvolver para fortalecer, no quadro da defesa intransigente dos direitos humanos, da democracia, das liberdades e do primado da lei, as suas relações externa com os demais países que compõem a comunidade internacional”.
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