Depois de a missão russa Luna-25 se ter despenhado na Lua no passado sábado, os olhos estavam postos na missão indiana Chandrayaan-3 que, esta quarta-feira, pelas 11h34 (hora de Cabo Verde) fez o que nunca ninguém tinha feito: pousar no polo sul da Lua.
“O sucesso pertence a toda a humanidade”, afirmou o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que assistiu ao momento a partir da África do Sul. “Todos podemos ter aspirações para a Lua e mais além”, disse, dirigindo-se especificamente aos países do Sul Global. Para o primeiro-ministro da Índia, a missão à Lua é centrada no homem, tal como a abordagem que faz de outros temas, daí defender que esta missão não é só uma vitória para a Índia, mas também para todo o mundo.
Nos últimos dias a sonda indiana encontrava-se numa órbita elíptica em torno da Lua, a cerca de 30 quilómetros de altitude. Pelas 13h14 (hora de Lisboa), tal como planeado, o veículo autónomo ligou os motores e iniciou a descida até à superfície lunar. São esses mesmos propulsores que ajudam a travar a sonda para a pretendida alunagem suave.
Durante a descida, que não foi controlada pela equipa em Terra, a velocidade da sonda teve de descer de 1.680 metros por segundo para pouco mais de três metros por segundo e, depois, praticamente zero a uma altitude de 800 metros para permitir uma descida vertical e uma alunagem suave.
A 150 metros de altitude iniciou-se uma das fases mais críticas da alunagem. Os sensores da sonda avaliaram a superfície lunar para escolher o melhor sítio onde pousar com sucesso. A Organização Indiana de Investigação Espacial (ISRO) conseguiu assim ser a primeira agência espacial a pousar no polo sul da Lua.
Antes da Índia, apenas três países tinham conseguido fazer as suas naves pousar na Lua: Estados Unidos, Rússia e China; mas nenhuma delas o tinha feito no polo sul da Lua, onde existem tantas crateras que a manobra se torna particularmente difícil.
Mesmo a Índia, que envia agora a sua terceira missão à Lua, já tinha visto frustrada a primeira tentativa de alunar, quando Chandrayaan-2 acabou por se despenhar no nosso satélite natural em 2019. Mas estudar o que aconteceu permitiu melhorar a missão atual.
O principal objetivo desta terceira missão era, precisamente, pousar suavemente na Lua e manter a sonda funcional após a descida. O interesse no polo sul da Lua é a provável existência de água que poderá ser útil em futuras missões tripuladas: fornecendo hidrogénio como combustível e oxigénio para os astronautas.
A missão Chandrayaan-3 foi lançada a 14 de julho, quase um mês antes da missão russa (lançada a 11 de agosto), e faz parte desta nova corrida à Lua, na qual Estados Unidos e China (de forma independente) tentarão colocar astronautas na superfície, nomeadamente no polo sul.
O dia 23 de agosto foi escolhido porque é o dia em que nasce o sol no local de aterragem. A missão terminará duas semanas depois com o pôr do sol no horizonte lunar. A missão, composta por uma sonda fixa e um rover alimentados a energia solar, terá assim duas semanas para recolher informação com os seus equipamentos térmicos, sísmicos e de amostragem de rochas.
Fonte, Observador
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