Em 44 dias, Israel violou 500 vezes o cessar-fogo em Gaza
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Em 44 dias, Israel violou 500 vezes o cessar-fogo em Gaza

Governo de Gaza afirma que ataques israelitas continuam matando civis e dificultando a ajuda humanitária, enquanto o Hamas e mediadores acusam Israel de minar a trégua. 342 civis foram mortos, entre eles crianças, mulheres e idosos, expondo cessar-fogo que, para moradores e analistas locais, se tornou “apenas nominal”.

O gabinete de imprensa do Governo de Gaza afirmou neste sábado, 22, que Israel violou o cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos da América 497 vezes em 44 dias, desde que o acordo entrou em vigor, a 10 de outubro. Segundo as autoridades palestinianas, 342 civis foram mortos, entre eles crianças, mulheres e idosos, expondo um cessar-fogo que, para moradores e analistas locais, tornou-se “apenas nominal”.

Escalada de ataques e crimes humanitários

O governo de Gaza classificou os ataques israelitas como “graves e sistemáticas violações”, que configurariam rutura direta do direito internacional humanitário. Apenas no sábado, as autoridades registraram 27 violações, resultando em 24 mortos e 87 feridos.

O gabinete responsabiliza Israel pelas consequências humanitárias e de segurança, denunciando que o país continua a restringir o fluxo de ajuda humanitária, alimentos e medicamentos, apesar de o acordo prever acesso irrestrito.

Além disso, laboratórios forenses afirmaram enfrentar “grande dificuldade” para identificar corpos devolvidos por Israel. Dos 330 corpos entregues, apenas 90 foram identificados. Muitos apresentam sinais de tortura, mutilação e execução, segundo autoridades técnicas de Gaza.

Justificações de Israel não convencem

Por sua vez, o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que os recentes ataques foram uma resposta à ação de um combatente do Hamas que teria atacado soldados de Israel na chamada Linha Amarela, área de reposicionamento militar prevista no acordo. E disse, ainda, ter “eliminado cinco combatentes de alto escalão do Hamas”.

O Hamas, no entanto, contesta a versão, exige que Israel revele a identidade do suposto agressor e acusa o governo daquele país de criar “pretextos para retomar uma guerra de extermínio”.

“Tréguas no papel”

Correspondentes em Gaza do canal de televisão Al Jazeera descrevem o cenário como uma trégua apenas no papel. Segundo Tareq Abu Azzoum, jornalista do canal, os ataques aéreos continuaram mesmo após o anúncio do cessar-fogo, deixando a população em estado de vulnerabilidade permanente.

“Os palestinos vivem com a sensação de uma segurança completamente abalada”, relatou o jornalista, sublinhando que “o acordo foi tratado [por Israel] como retirada tática, não como compromisso real.”

Enquanto Gaza exige responsabilização internacional, os mediadores do acordo enfrentam o esvaziamento da trégua por sucessivas violações e contra-ataques. E a continuidade das restrições à entrada de bens essenciais agrava o risco de colapso humanitário num território já devastado pela guerra e com denúncias de execuções, avanços militares e mortes diárias.

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