O Vice-primeiro ministro, Olavo Correia, disse esta manhã, 3 de Junho, à RCV que o Governo aguarda o desfecho das investigações do Ministério Público em relação à polémica à volta das operações da Oferta Pública de Venda (OPV) de 27,44% das ações da Caixa Económica de Cabo Verde para saber que medidas tomar. Para já, garante que o coordenador da UASE, Unidade de Acompanhamento do Sector Empresarial do Estado, suspeito de favorecimento pessoal nessa OPV, irá continuar em funções. “Nos próximos tempos, estaremos a comunicar a decisão do Governo em relação a este quadro”, anunciou.
“Há uma investigação em curso, ele não está acusado, não foi constituído no arguido, portanto, é normal quando há dúvidas que as investigações sejam feitas e que também os esclarecimentos sejam dados”, pontuou Olavo Correia, deixando a entender que não recebeu qualquer pedido formal de demissão por parte de Sandeney Fernandes, o coordenador da UASE, que está no centro da investigação do MP.
“Até agora não tenho pedido demissão. Aquilo que temos de fazer é, em função deste novo quadro, ajustar o funcionamento da própria instituição, neste caso, a UASE, mas, nos próximos tempos, nós estaremos a comunicar a decisão do Governo em relação a este quadro”, garantiu.
Olavo Correia notou que “a operação está a ser analisada por entidades competentes”, as quais devem primeiro se pronunciar sobre o tema, assim como o visado, e darem os devidos esclarecimentos. A partir daqui, sublinhou, o governo irá tomar as “decisões que forem convenientes”.
O VPM e ministro das Finanças é da opinião de que a OPV lançada pela CECV (venda de 27,44% das acções no valor de 4028$00 por acção) foi um sucesso, e feito com lisura. Ainda assim admitiu ser normal haver investigação para que todo o processo seja esclarecido, perante as suspeitas de eventual favorecimento pessoal e tráfico de influência supostamente cometidos pelo coordenador da UASE, Sandeney Fernandes, no exercício das suas funções, enquanto responsável por todas as participações do Estado no sector empresarial.
“As entidades competentes saberão tomar as melhores decisões e o Governo agirá em conformidade”, prometeu Olavo Correia.
Este caso veio a público no passado dia 27 de Maio, através de uma notícia em primeira mão do Santiago Magazine. A peça informava que o coordenador da Unidade de Acompanhamento do Sector Empresarial do Estado (UASE), Sandeney Fernandes, está a ser investigado pelo Ministério Público (MP), por indícios de prática de corrupção no exercício do cargo.
Sandeney Fernandes, enquanto coordenador da UASE, além de alegadamente favorecer amigos, terá adquirido ele mesmo ações da CECV, um ato considerado lesivo do interesse público, porquanto configura a priorização do seu interesse pessoal em detrimento do interesse de terceiros, pois com este ato terá assumido o duplo papel de vendedor e comprador – sabe Santiago Magazine que essa OPV, que envolveu todos os bancos comerciais, esgotou em tempo recorde.
Assim, na passada sexta-feira, 23 de maio, a sede da UASE, no Plateau, foi objeto de buscas do Ministério Público, bem como a residência do coordenador, Sandeney Fernandes, onde alguns equipamentos de trabalho terão sido apreendidos pelas autoridades policiais e judiciais.
As buscas do MP, com grande aparato de policias com metralhadoras, ruas encerradas no Plateau, aconteceram na sequência das constatações relatadas pela Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários (AGMVM), que no exercício da sua função de reguladora do funcionamento dos mercados de valores, terá detectado o “negócio” de Fernandes e encaminhado o respetivo relatório para o Ministério Público.
Abordado por Santiago Magazine, na ocasião, Sandeney Fernandes não quis prestar declarações, alegando que o caso está sob investigação, logo sob responsabilidade da Justiça. A seu tempo, disse, dará todos os esclarecimentos.
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A equipa do Santiago Magazine