Investidores privados estão a instalar na Baía das Gatas, em São Vicente, um hotel flutuante com 16 quartos e quatro suítes, no âmbito do projeto Baía Beach Club, avaliado em 1,3 milhões de euros.
Segundo um despacho conjunto dos ministros do Turismo e Transporte e das Finanças, de 06 de maio, que atribui o Estatuto de Utilidade Turística de Instalação ao empreendimento, prevendo benefícios fiscais, o projeto envolve investidores de Itália, Portugal e de Cabo Verde na instalação de um “empreendimento turístico flutuante” que irá ocupar uma faixa marítima costeira de quase 4.090 metros quadrados (m2) de área, sendo “capaz de oferecer um serviço de hospedagem diferenciado” e de alto nível.
Segundo o mesmo documento, este projeto “vai ao encontro das políticas do Governo para o setor” e poderá ter um impacto positivo no aumento dos fluxos de visitantes e em consequência no Produto Interno Bruto (PIB), realçando-se que se trata de uma “alternativa de natureza diferente na abordagem da tipologia de alojamento, em harmonia com o propósito da diversificação turística”.
Acrescenta tratar-se de um investimento orçado em 153.249.204 escudos (1,3 milhões de euros), prevendo-se a criação de mais trinta postos de trabalho.
No Estudo de Impacte Ambiental, a que a Lusa teve anteriormente acesso, os promotores assumem o objetivo de “criar uma oferta turística diferenciada”, aproveitando a “crescente procura de turistas” por São Vicente.
O projeto Baía Beach Club prevê a construção de um empreendimento ocupando uma área de 752 m2 na praia e mais de 3.335 m2 sobre o mar, naquela conhecida baía de São Vicente.
Além dos ‘bungalows’, que podem alojar até seis pessoas cada, a área flutuante do hotel envolve espaços de estar e de convívio para os hóspedes e um restaurante para 64 pessoas.
A ligação entre as diferentes zonas “será feita por passadiços flutuantes” e “guardas de madeira para proteção de eventuais quedas ao mar”, refere-se no projeto.
Devido à falta de abastecimento de água da rede pública na zona da Baía das Gatas, os promotores preveem a instalação de uma central dessalinizadora, com capacidade de produção e abastecimento das necessidades totais do hotel, equivalente a 20 metros cúbicos por dia.
O turismo representa cerca de 25% do PIB e do emprego em Cabo Verde, mas o setor esteve praticamente parado em 2020 e 2021, devido às restrições às viagens impostas para conter a transmissão de covid-19.
Entretanto, os hotéis cabo-verdianos já receberam em 2022 um recorde de 835.945 turistas e mais de quatro milhões de dormidas, segundo dados anunciados no final de março pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com o relatório de Movimentação de Hóspedes em Cabo Verde em 2022, com as estatísticas do turismo produzidas pelo INE, o número de hóspedes ultrapassou no ano passado o recorde anterior, que foi de 819.308 turistas em 2019, antes da pandemia, e cresceu ainda 394% face aos 169.068 turistas em 2021.
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